29 de março de 2010

Brasil


A Educação Compromete

A baixa qualidade do sistema educacional brasileiro, em especial quanto ao ensino de ciências e matemática, está comprometendo todo o esforço que o país tem feito para avançar em infraestrutura e em uso da tecnologia da informação (TI). Fator de competitividade no mundo moderno, a TI é medida atualmente como indicador de potencial de desenvolvimento e de atração de investimentos em projetos industriais, de agropecuária avançada e de serviços que demandam tecnologia de ponta. Levantamento divulgado semana passada pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), mostra que o Brasil perdeu, em 2009, duas posições no ranking mundial organizado pela entidade com base no Índice de Tecnologia da Informação (IPI), em relação ao levantamento de 2008. O Brasil caiu da 59ª para a 61ª, numa relação que envolve 133 países.
O WEF analisou 68 itens e constatou que o Brasil fez progressos em aspectos como telefonia, rede elétrica e centros de pesquisa. Com isso, o país ganhou posições num dos pontos mais importantes da pesquisa, o da infraestrutura. Mas esses avanços são anulados pelas deficiências da educação e pela perda de pontos preciosos em mais dois setores: burocracia e impostos. Responsáveis pela pesquisa alertam para o efeito da elevada carga tributária sobre o s produtos de tecnologia e de comunicação no Brasil, o que torna mais difícil o acesso da maioria da população a esses recursos.

O resultado é que o Brasil está perdendo a corrida para os emergentes China (37ª), Índia (43ª) e Chile (37ª), além do pequeno Barbados (35ª), países que têm investido na criação de condições para o desenvolvimento da tecnologia da informação em suas escolas, empresas e instituições governamentais. Mesmo na comparação com os países da América Latina e do Caribe, o Brasil, além Barbados e Chile, está em posição inferior às de Porto Rico, Costa Rica, Uruguai, Panamá e Colômbia. Na região, somente o México (78ª) e a Argentina (91ª) têm perdido mais posições do que o Brasil. Os economistas do WEF reconhecem que a comparação com Barbados é deficiente, já que em países muito pequenos é mais fácil fazer uma política de desenvolvimento dar certo.

O ITI é um indicador que não deve ser desprezado, pois revela o sucesso e o fracasso do esforço que os países estão fazendo para se manter atualizados e competitivos, pois mede a real implantação de novas tecnologias em cada país. Os pontos fracos detectados no Brasil, em especial o da preparação das pessoas para se interessar e para usar com eficácia os recursos da tecnologia, indicam frentes que o país deveria atacar com prioridade. Na verdade, a conclusão a que chegou o estudo do WEF já vem sendo denunciada por levantamentos realizados por instituições públicas e privadas brasileiras, que têm alertado para a proximidade de um apagão de mão de obra qualificada. Se é mais do que sabido que na área tecnológica essa deficiência na preparação do trabalhador é grave, torna-se incompreensível a falta de ação no sentido de acelerar a correção dessa falha. Privar as novas gerações de oportunidades de trabalho com a importação de técnicos ou, pior ainda, pela inviabilidade do crescimento econômico por falta de mãos e cérebros treinados será imperdoável.

Estado de Minas

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