23 de março de 2010


Por uma política de Estado de CT&I

A sociedade brasileira se prepara com afinco para a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o período de 26 a 28 de maio, em Brasília. Penso ser esta uma agenda estratégica para o futuro do Brasil.

Sem dúvida, temos um hoje um ambiente com indicadores bastante favoráveis ao progresso científico e tecnológico. O Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional (2007- 2010), até o final deste ano, terá executado um orçamento de R$ 45 bilhões. E o mais importante é que esses recursos estão chegando a todas as regiões do Brasil. É para a continuidade dessa política pública, que preconiza os investimentos em CT&I, com compreensão de que numa economia globalizada o conhecimento científico e tecnológico induz a novos paradigmas de competitividade, é que conclamamos a sociedade a participar desse debate, principalmente por meio das Conferências Regionais de Ciência, Tecnologia e Inovação. Nesse sentido a Conferência Regional do Centro-Oeste que se realiza esta semana em Cuiabá (MT) tem um significado singular. Esta é uma região fundamental para o desenvolvimento sustentável do Brasil e do planeta.

Nos últimos anos, o Ministério da Ciência e Tecnologia ampliou seus investimentos no Centro-Oeste com o objetivo de modernizar a infraestrutura de pesquisa existente e promover a formação e a fixação de recursos humanos qualificados. Entre o ano de 2000 e 2009, o ministério, em parceria com as fundações estaduais de amparo à pesquisa, investiu mais de R$ 1,6 bilhão na região. Um balanço preliminar aponta que, no ano passado, os investimentos foram superiores a R$ 300 milhões.

Um dos resultados desses investimentos no Centro-Oeste é o aumento considerável do número de pesquisadores. De 1.514, no ano 2000, para 3.052, em 2008 (o levantamento é feito a cada dois anos). Já os números de grupos de pesquisas passaram de 636, em 2000, para 1.455, em 2008. Ainda nesta área, foram criados na região quatro Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs). Em Cuiabá, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) é sede do Instituto de Áreas Úmidas. Os outros três INCTs estão na Universidade de Brasília.

Outra iniciativa importante é a construção do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP), que o MCT realiza em parceria com a UFMT e a Secretaria de Ciência e Tecnologia do estado.

Ainda nessa região o MCT mantém, desde 2004, uma articulação relevante com o Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP). Trata-se de uma parceria voltada para o desenvolvimento de pesquisas no bioma pantanal, nas áreas temáticas de pecuária, pesca e bioprospecção, além de outras linhas de pesquisa.

Outro orgulho recente é a Rede ComCerrado que vai mapear a biodiversidade do Cerrado e já estuda os fatores ambientais e socioeconômicos que determinam o atual estado de conservação deste bioma, com enfoque para o uso da terra, o aproveitamento biotecnológico e de uso sustentável da biodiversidade e demais recursos naturais.

Para estimular a inovação tecnológica nas empresas o PACTI criou o Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec) que está investindo em Centros de Inovação em todas as regiões do País. No Centro-Oeste, funcionam cinco destes centros, sendo três no Distrito Federal, voltados para Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação, Bioetanol e Equipamento Médico-Odontológico. No estado de Goiás estão os outros dois INCTs com pesquisas nas áreas de Bioetanol e de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação.

Creio que temos no Centro-Oeste uma conjuntura bastante favorável ao desenvolvimento nesta área. É também por tudo isso, que as discussões e resoluções desta Conferência têm tanta importância para todos nós.

*SERGIO MACHADO REZENDE, é PhD pelo Massachussetts Institute of Technology (MIT), professor titular de Física na Universidade Federal de Pernambuco. Está Ministro da Ciência e Tecnologia.



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