20 de abril de 2010

Banco Mundial deve ampliar ensino

via satélite no Amazonas



Cerca de 1,2 mil comunidades rurais são atendidas pelo projeto.Cerca de 40 professores ministram as aulas pela televisão. Professor presente em sala reforça o conteúdo


90% dos alunos dependem de transporte fluvial fornecido por prefeituras
Projeto contempla ensino médio e fundamental e atende 30 mil alunos por meio de aulas a distância

Ivone Santana

Ouso de satélites foi fundamental para o governo do Amazonas colocar em prática um projeto de ensino a distância que acabou chamando a atenção do Banco Mundial, incluindo recursos de videoconferência para alunos de áreas remotas. Com R$ 30 milhões de investimento, o governo estruturou os cursos, que contam hoje com mais de mil salas de aula presenciais em 62 cidades e atendimento a 1,2 mil entre6mil comunidades rurais. Devido aos bons resultados, o Banco Mundial estuda financiar a ampliação do programa, diz o professor José Augusto de Melo Neto, coordenador do Centro de Mídias de Educação do Amazonas.

Até agora, para viabilizar o sistema, o governo firmou três tipos de contratos: coma Hughes, para telecomunicações; com prestadores locais de serviços técnicos; e com fornecedores de equipamentos. Todos esses contratos estão em fase de renovação.

Histórico

Iniciado em 2007 com 10 mil alunos, o programa já formou 8 mil do ensino médio e atende agora a 30 mil. Nos últimos dois anos, o curso recebeu sete prêmios, sendo dois internacionais.

Os estudantes chegam às salas de aula de barco escolar, fornecido pelas prefeituras.Oúnico meio de transporte a essas comunidades é o fluvial. As salas são equipadas com TV, acesso à internet embanda larga e outros equipamentos audiovisuais. Um professor local orienta a turma. Mas é em Manaus que estão os professores de cada disciplina que ministram as aulas simultaneamente para todo o estado, via satélite, com tecnologia da Hughes, empresa vencedora da licitação. Os professores passam tarefas on-line e fazem transmissões multimídia, intercaladas por intervalos para que os alunos façam suas lições, com orientação presencial.

Não há similar para o projeto amazonense voltado à educação básica no mundo, diz o coordenador Melo Neto. Ele afirma que encontrou nas pesquisas apenas cursos de nível superior e em projetos mais modestos.

O objetivo do programa foi atender principalmente às comunidades rurais, pois mesmo que a sede do município tenha infraestrutura, pela grande extensão do estado essas áreas não são necessariamente atendidas.

A primeira reação dos alunos foi de desconfiança em relação à tecnologia e ao método. "Eles passaram de um extremo ao outro - não ter acesso ao ensino onde vivem e depois serem atendidos na própria comunidade rural com internet e ambiente on-line", disse o coordenador. Após a adaptação, a adesão foi grande e hoje os alunos querem falar aomicrofone e aparecer nas telas para colegas de todo estado. Em 2010 entraram no programa os cursos de sexto e sétimo ano e, em 2011, entra no oitavo ano.

Apenas 48% dos jovens amazonenses na faixa etária de 15 a 17 anos estão na escola. O governo quer reverter a exclusão com a tecnologia. A taxa de abandono no ensinomédio caiu de 16% no início do projeto para 2,5% em 2009, ante média nacional de 25% a 30%

QUALIDADE

88% é a taxa de aprovação dos alunos do programa em avaliações como o Enem, ou cerca de 12 pontos percentuais acima de estudantes do método convencional.

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