28 de julho de 2010

Inovação das empresas do Brasil perde para os outros países do Bric



JORGE GERDAU, o mediador Alexandre Teixeira e Beto Sicupira: competitividade no Brasil em discussão


Custo de abrir companhia é até 4 vezes maior que em Índia, Rússia ou China

Wagner Gomes

SÃO PAULO. Apesar dos esforços feitos nos últimos anos para incentivar o empreendedorismo, o Brasil ainda está longe de alcançar um nível avançado de inovação em comparação aos outros países-membros do chamado Bric. A avaliação é do presidente do conselho de administração das Lojas Americanas e conselheiro da Endeavor, Beto Sicupira, que cita o custo Brasil como o principal entrave para o empreendedorismo. Para abrir uma empresa no país, segundo ele, gasta-se até quatro vezes mais do que na Índia, na Rússia ou na China, devido à burocratização de serviços simples.

- Isso significa que abrir uma empresa no Brasil custa R$ 1.800 a mais do que no nosso concorrente. Pelos números vemos que o Brasil não está caminhando para a inovação - disse Sicupira, que participou em São Paulo do 8º Congresso Internacional Brasil Competitivo. Organizado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), o congresso reuniu empresários, representantes do governo e da sociedade civil.

Conceito de inovação tem de estar no setor público

O presidente do conselho das Americanas criticou o fato de o país praticamente não ter empresas listadas na Nasdaq e acumular um número pequeno de patentes. Para ele, entre os principais erros estão o "pensamento de curto prazo" e a acomodação, que acabam fazendo as empresas serem engolidas pelo mercado. Jorge Gerdau, da Gerdau e idealizador do Movimento Brasil Competitivo, afirmou que existe a necessidade de o conceito de inovação ser aplicado também no setor público. Para ele, um dos grandes desafios na gestão pública é acabar com a ideia do improviso. Ainda segundo Gerdau, para o país crescer é importante vencer obstáculos, como reforma tributária, legislação ambiental, burocracia, questões trabalhistas e atrasos na educação. Gerdau defendeu a criação de um único Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e normas que tornem mais fáceis a obtenção de licenças ambientais. Ele disse ainda que não dá para competir com outros países sem colocar a educação como uma das prioridades do governo.

- O maior agente social é o empreendedor, por isso a inovação precisa ser cultural. Qualquer empresa morre quando a inovação deixa de existir. O nosso grande desafio está em ser um país maior e melhor - disse ele, lembrando que há um ciclo virtuoso de crescimento no Brasil, mas um descompasso entre a poupança e o investimento que acabam prejudicando o desenvolvimento de novas tecnologias.



O secretário de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, Luciano Santos Almeida, disse que para o Brasil alcançar um posto entre as cinco maiores potências do mundo é preciso avançar na cultura do empreendedorismo. Ele destacou o papel dos empresários não só como geradores de emprego e renda, mas para a transferência de conhecimento e ferramentas ao setor público do país. Almeida afirmou que há iniciativas para promover a inovação e o empreendedorismo no país, mas falta mudar a lógica da educação, já que a população não recebe fundamentos para gerenciar seu próprio negócio.

- Para empreender no Brasil é preciso ser herói, dadas as dificuldades encontradas. São necessários pelo menos 20 anos para inverter esse cenário. Temos que pensar em ações de curto e médio prazo - disse o secretário

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