9 de setembro de 2010

Banda Larga no Brasil

Serviço no Brasil é um dos mais caros entre 160 países



Hamadoum Touré, secretário-geral da UIT: preço e acesso são maiores problemas para nações em desenvolvimento
De Genebra

Levantamento da União Internacional de Telecomunicações (UIT) mostra que o usuário no Brasil paga o equivalente a 4,5% de sua renda mensal pela assinatura de banda larga, com o serviço sendo um dos mais caros entre 160 países avaliados.

Em comparação, a Coreia do Sul, que não tem as pretensões geopolíticas e econômicas do Brasil no cenário global, oferece o acesso mais rápido do mundo à internet, com os usuários gastando um terço do que gastam os brasileiros, ou 1,4% de sua renda mensal com o serviço.

O secretário-geral da UIT, Hamadoun Touré, diz que o preço e o acesso são os maiores problemas para as populações de países em desenvolvimento, por causa do alto custo para conexão internacional, ou mesmo da falta de escolha de operadores.

"Mesmo se a internet estiver disponível em suas áreas, com conteúdo interessante em sua língua, as pessoas frequentemente não podem pagar as altas taxas para usar (a web mais veloz)", afirmou Touré ao Valor.

A disponibilidade de banda larga (alta velocidade) é considerada um indicador essencial do desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação. O Banco Mundial estima que países de renda média e baixa onde a densidade de banda larga aumenta 10%, o crescimento econômico é acelerado em mais de 1%.

O diretor da UIT nota que o mercado para banda larga cresce aceleradamente em todo o mundo. O número de assinantes de acesso por linha fixa, que era 479 milhões ao fim de 2009, deve superar "facilmente" 500 milhões este ano.

Por sua vez, as conexões por banda larga sem fio (móvel), que atualmente "oferecem a mais promissora conexão para o maior número de pessoas", pode chegar a 900 milhões de assinantes em dezembro, em meio a um total de 5 bilhões de assinantes de telefonia celular. Ou seja, quase um quinto de todos os usuários de celulares estarão habilitados a acesso em banda larga.

"Em termos de evolução tecnológica, estamos vendo velocidade maior, aparelhos novos e mais capazes e dispositivos com mais funcionalidades, além de alguns desenvolvimentos intrigantes de conteúdo e aplicações", afirma.

Ele sugere que os governos tomem medidas para se evitar uma internet com 'duas velocidades', tanto entre usuários de países desenvolvidos e em desenvolvimento, quanto entre as zonas urbana e rural.

Touré defende firme atuação de reguladores e autoridades para minimizar o impacto de barreiras aos usuários de países em desenvolvimento, inclusive para reforçar a expansão econômica.

A consultoria Booz & Company calcula que o aumento de 10% na taxa de acesso à internet rápida pode elevar a produtividade do trabalho em 1,5% nos cinco anos seguintes.

A situação do mercado de banda larga varia muito de acordo com o país avaliado. A Dinamarca e a Holanda são os líderes mundiais na cobertura do serviço sob essa tecnologia, com acesso por cerca de 40% da população, comparado a 26% nos Estados Unidos.

Na Finlândia, o governo decidiu que é um direito legal de todos os cidadãos ter acesso a uma velocidade de pelo menos 1 megabit por segundo (Mbps) de conectividade. A Letônia é o país na Europa que tem a maior rede de fibras implantada em relação a outras tecnologias. O acesso sem fio, que permite sobretudo conexão a computadores portáteis, ganha força na Áustria, Suécia, Portugal e Irlanda.

A Dinamarca quer garantir conexão de 200 Mbps até 2015. E o governo conservador da Grã-Bretanha considera um "escândalo" que menos de 1% da população do país tenha acesso à internet por meio de fibra óptica, comparado aos 10%, em média, nos outros paises europeus.

De maneira geral, Touré se diz otimista sobre o papel e as perspectivas da banda larga e do setor de telecomunicações

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