26 de novembro de 2010

Atraso na Escola

Aluno atrasado na escola tem 

mais chance de evadir

Sarah Fernandes
Estudar com mais idade que a esperada para a série escolar, devido à repetência ou abandono, aumenta as chances do aluno de São Paulo não se matricular no ensino médio. O quadro é mais crítico para os estudantes com notas baixas em avaliações oficiais do ensino fundamental, aponta um estudo do Instituto Unibanco, apresentado nessa quinta-feira (25/11), na capital paulista.

Estar um ano atrasado no ensino fundamental diminui em 20% a chance de se matricular no ensino médio para os alunos com baixo desempenho no Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) - que avalia o rendimento dos alunos do ensino fundamental. Para os atrasados com notas altas a probabilidade diminui 7%, segundo a pesquisa.

Para os alunos com mais de um ano de atraso, independente das notas nas avaliações oficiais, a probabilidade de ingresso no ensino médio reduz de 20% a 35%, aponta o estudo, intitulado “Relação entre Abandono Escolar no Ensino Médio e Desempenho Escolar no Ensino Fundamental Brasileiro”. A lógica se mantém para a permanência no ensino médio, segunda a pesquisa.

“Esses alunos estão em uma fase da vida em que não há forte preocupação com o futuro, principalmente quando há problemas para serem solucionados no presente, como falta de renda”, observou o coordenador da pesquisa, Amaury Patrick Gremaud. “Ele não se enturma com os colegas por ser mais velho e é caracterizado por já ter tido dificuldades no ensino fundamental”.

O diagnóstico da pesquisa foi observado na prática pela estudante do 1º ano do ensino médio Katarina Fernanda, de 16 anos, que sempre viu alunos abandonarem os estudos no colégio público em que estuda, em São José dos Campos (SP). “Muitos colegas pararam, pelos mais variados motivos, mas principalmente por problemas pessoais. Alguns voltaram e depois saíram de novo”.

Ele destaca que a evasão reduziu depois que a escola iniciou um projeto social para combater o problema. “Eu mesma não via muito sentido e não entendia porque estudar aquelas coisas”. Apesar disso, ela destaca que quando se fala em aprender o conteúdo, a classe ainda fica bem dividida. “Muitos alunos têm dificuldade de aprender o que é ensinado”.

“Combater a repetência iniciando projetos para evitar que ela aconteça é muito importante, porém é necessário garantir que os alunos aprendam”, observou o coordenador da pesquisa, durante o lançamento.

Metodologia

A pesquisa analisou dados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) de 2007 e a situação de matrículas em 2008 e 2009. A pesquisa fica restrita a São Paulo por ser o único estado em que as notas das avaliações oficiais são cruzadas com outros dados dos alunos individualmente.

Rendimento


Assim como a idade, o mau rendimento nas avaliações oficiais do ensino fundamental diminui as chances dos alunos se matricularem ou permanecerem no ensino médio. Os estudantes com as piores notas têm 70% de chance de se matricularem nessa etapa do ensino, enquanto entre os com as maiores notas a probabilidade é de 97%, destaca a pesquisa.

Negros

Os alunos negros são os que têm mais chance de concluir o ensino médio, segundo dados analisados pela pesquisa. A probabilidade chega a ser 1,5% maior que os brancos. “Isso contraria o consenso habitual. Avalio que seja devido a um estimulo pela necessidade. Muitos têm uma ideologia maior que de outros grupos sociais e querem fazer a diferença”, observou Gremaud.

Além dos negros, as meninas cuja mãe tem ensino superior e que possuem computador em casa têm mais chance de concluir o ensino médio. A diferença entre os sexos só é observada na permanência, não na matrícula. Os alunos da zona rural têm maiores chances de evadir.

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