30 de agosto de 2011

Jovens da nova classe média pagam própria educação para terem melhores empregos Plantão | Publicada em 29/08/2011 às 19h41m


Adauri Antunes Barbosa (adauri@sp.oglobo.com.br)

SÃO PAULO. O ministro Moreira Franco, da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), disse nesta segunda-feira em São Paulo que os jovens brasileiros que fazem parte da nova classe média, formada nos últimos 10 anos em função da estabilidade econômica e do aumento de renda das populações de classes mais baixas, estão financiando a própria educação para conseguir melhores empregos.
- A maioria dos jovens no Brasil hoje está exatamente na nova classe média e a percepção que tem da educação é diferente da que os jovens do passado tiveram. Eles não acham que a educação seja um instrumento para colocar um diploma na mesa ou para melhorar o seu reconhecimento social. A educação é uma ferramenta para garantir o melhor posto de trabalho. E eles estão usando parte da renda que conseguiram fazer crescer ao longo desses anos para pagar eles próprios a sua qualificação - disse o ministro e ex-governador do Rio.
Moreira Franco assinou nesta segunda-feira, com o presidente do Instituto Unibanco, Pedro Moreira Salles, um acordo de cooperação técnica para o desenvolvimento de estudos, projetos, pesquisas e avaliações na área de educação com aplicação nas redes públicas do ensino médio e que será aplicado em 500 escolas de seis estados. Segundo ele, o jovem que hoje paga para estudar vai cobrar esse papel do administrador público.
- E esse jovem, certamente quando coloca o seu dinheiro para pagar sua educação, não tenho dúvida de que o próximo passo será, pela primeira vez no Brasil, cobrar do administrador público, qualidade da educação.
O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos disse ainda que, desde 1974, quando ocupou pela primeira vez um cargo público, sempre viu as pesquisas eleitorais afirmarem que as duas principais demandas da população eram educação e saúde.
- Mas eu nunca vi, nesses anos todos, nenhum movimento de rua, nenhuma pressão política efetiva, a exigir do administrador público qualidade de ensino. Vi salário, plano de carreira, manutenção de emprego para merendeiras, derrubar presidente da República, vi tudo que uma agenda política pode nos colocar. Mas eu não vi a exigência da qualidade da educação - afirmou
Segundo ele, o Brasil teve nos últimos 10 anos um grande avanço na diminuição da desigualdade social e na abertura de oportunidades "por circunstâncias políticas" resultado do questionamento do foco da política econômica que se praticava no país.
- Se conseguiu a coragem de questionar um valor de política econômica que durante décadas nos atormentou: o de que nós só poderíamos distribuir renda depois do bolo crescer e de nós nos constituirmos em uma sociedade rica e próspera - disse Moreira Franco.
O acordo assinado pela SAE e o Institudo Unibanco prevê a implantação de um projeto, já testado durante três anos em 20 escolas de Minas Gerais e 22 do Rio Grande do Sul. O projeto Jovem de Futuro, desenvolvido pelo Instituto e agora repassado à rede pública, capacita e dá condições práticas para que educadores e gestores tenham uma prática profissional voltada para a busca de resultados.
Aplicado a partir do acordo de ontem em 500 escolas públicas do ensino médio de Minas Gerais, Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Ceará e São Paulo o projeto visa a "escola eficaz", que deve ter, no resultado final, melhor rendimento e menor evasão de alunos. Por meio de um plano de ação que leva em conta a realidade e as necessidades de cada unidade escolar, e também seu plano político-pedagógico, o projeto implanta e dá ferramentas para a manutenção de uma cultura de gestão que trabalha com metas para toda a comunidade escolar.
- Acreditamos que esse é um modelo de impactos fundamentais para o ensino médio - avaliou Pedro Moreira Salles, que ainda explicou a motivação do programa: - Ficar testando e encontrar caminhos que levem a um melhor desenvolvimento do ensino para o jovem, para passar para o ensino público.


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