27 de agosto de 2011

Mais um alerta sobre a educação


27 de agosto de 2011
Educação no Brasil | O Globo | Opinião | BR

Em geral, sabe-se que a qualidade da educação pública básica é baixa. Mas sempre que saem pesquisas sobre o assunto os dados assustam. Como agora com a Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização), aplicada pelo movimento Todos pela Educação numa amostragem de 6 mil alunos, distribuídos por todas as regiões. Entre os parceiros na aplicação da pesquisa está o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do próprio MEC.
Uma das sombrias conclusões: dos estudantes do 3º ano do ensino fundamental, 57,2%, mais da metade, continuam analfabetos em matemática: não solucionam problemas simples, pois não fazem as operações básicas (soma, subtração, multiplicação, divisão). Em leitura, o cenário melhora, mas não anima: 43,9% não estão aptos a ler com a desenvoltura necessária. Na escrita, o índice é idêntico. E, como em exames semelhantes, é enorme a distância entre o aproveitamento na rede pública e na rede privada, bem como entre o Sul/Sudeste e as regiões menos desenvolvidas, Norte/Nordeste.
A Prova ABC reafirma a gravidade da crise do ensino público básico - o exame abrange os primeiros anos do ciclo -, e a necessidade de o consenso existente na sociedade em torno do imperioso resgate da educação se materializar em ações objetivas e disponibilidade de recursos.
Tem havido avanços. Depois da equivocada prioridade concedida ao ensino superior no primeiro governo Lula, foi lançado, no segundo, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e criado o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), pelo qual pode-se acompanhar o desempenho de cada escola, em cada estado e município. Conjugado com o Fundeb, fundo de redistribuição de recursos para favorecer os municípios mais carentes, o PDE permitiu que, enfim, o Executivo federal, sempre distante do ensino básico, de responsabilidade de estados e municípios, se envolvesse com a raiz de toda a crise educacional.
Agora, há metas que podem ser mensuradas e projetos de aprimoramento do sistema educacional. O Brasil não parece ter carência de técnicas pedagógicas. Em cada município surgem casos de sucesso de escolas às vezes nas áreas mais carentes. Mas por terem uma direção dedicada e adotarem métodos infalíveis - dever de casa, cobrança, envolvimento dos pais - essas escolas conseguem apresentar rendimentos de Primeiro Mundo.
O desafio é disseminar as boas experiências. E para isso é necessário dinheiro. O desanimador é constatar que, apesar de todo discurso pró-educação, não parece haver abertura política para se começar a corrigir graves distorções na estrutura dos gastos públicos. A grande reação à intenção do governo de criar normas realistas para o pagamento de pensões pelo INSS, por exemplo, demonstra a distância que se está de reformas sem as quais setores estratégicos como a educação continuarão em segundo plano. Sem falar nas cifras incalculáveis que se esvaem devido à corrupção endêmica em Brasília.
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O discurso de apoio ao ensino nem sempre se materializa em ações concretas

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