27 de setembro de 2011

Brasil: Ensino médio deve ser mais flexível, dizem especialistas


7 de setembro de 2011
Educação e Ciências | Gazeta do Povo | Ensino | PR

Daniel Castellano/ Gazeta do Povo



Um modelo que contemple mais informações e menos disciplinas obrigatórias é uma das opções apontadas por educadores
A necessidade de revisão do currículo do ensino médio no país é unanimidade entre educadores e especialistas em educação. Neste ano, o consenso também chegou ao governo federal, que, em maio, aprovou novas diretrizes curriculares para o grau. As mudanças propostas, porém, ainda são vistas como insuficientes e não devem mudar o panorama dos principais problemas que atingem esta fase de ensino, entre eles a evasão escolar e a falta de encaminhamento ao mercado de trabalho.
Para o presidente do Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE), Marcos Magalhães, o ponto principal dessa reforma deve ser na função de despertar o interesse do aluno, uma vez que seu perfil mudou e exige atualizações. Certamente, o currículo carece de uma revisão pensando em como atender esse jovem que sai do ensino fundamental cheio de demandas e com um acesso a informações muito maior, com o uso constante da internet , afirma Magalhães. Ele deixa claro, no entanto, que o alto nível de informação desses jovens não reflete na necessidade de um número exagerado de disciplinas. Pelo contrário: a pluralidade obrigatória de matérias seria o primeiro equívoco do currículo brasileiro de ensino médio. O jovem acaba aprendendo os conteúdos de forma muito superficial e ainda sendo obrigado a passar por aulas que ele não quer ter , diz o especialista.
Seria o caráter enciclopédico do currículo, como define a gerente de assuntos estratégicos do Instituto Unibanco, Camila Iwasaki. Ele ainda traz uma infinidade de conteúdos, que acabam sendo pouco atrativos. E isso faz com que a escola fique menos interessante, não atendendo à demanda do público voltado a ele , defende Camila.
Este é o ponto definitivo, de acordo com a professora do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Taís Tavares. Segundo ela, o jovem não encontra na escola um lugar onde seus questionamentos são respondidos . Com isso, além da falta de identidade com o ensino, o aluno ainda não avança em algumas questões básicas, assim como não tem uma orientação para seguir sua formação , afirma. De acordo com ela, esta orientação seria papel do professor o qual também necessitaria passar por uma atualização, bem como a infraestrutura das escolas. Com isso, e avançando no combate à evasão, seria possível dar um encaminhamento melhor desses jovens não apenas à graduação, mas à formação pessoal, abrindo possibilidades de carreiras e demais escolhas.
No entanto, não existiria um modelo ideal para isso, movendo todo o modelo para o ensino técnico ou para o profissionalizante, por exemplo. Pelo contrário: a aposta, mais uma vez, deve ser na flexibilidade e nas opções de cada aluno. Hoje, está mais do que na hora de olhar a demanda de cada jovem e, na medida do possível, buscar contemplá-la , afirma Camila, do Instituto Unibanco.
Proposições
Veja os principais pontos propostos pelas diretrizes do Conselho Nacional de Educação (CNE) e, em contraposição, o que os especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo indicam como ideais.
CNE
Flexibilização do currículo;
Possibilidade de aumento na carga horária do ensino médio, o que ficará a cargo das escolas;
Definição de quatro eixos básicos para o ensino neste nível: trabalho, ciência, tecnologia e cultura;
Possibilidade de alongar a duração da fase, que poderia passar dos atuais três para quatro anos.
Especialistas:
Aulas em tempo integral para todo o ensino médio jornadas de sete ou oito horas.
Definição de disciplinas eletivas que já direcionariam os alunos às áreas de interesse na carreira.
Acompanhamento de tutores, voltados ao auxílio e ajuda dos alunos no cotidiano escolar e na tomada de decisões ligadas à carreira.
Capacitação dos professores e adequação da infraestrutura das escolas.

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