26 de dezembro de 2011

Mapa da Violência de Júlio Jacobo aponta redução de assassinatos


21 de dezembro de 2011
 Jornal do Commercio Online | Política | PE

Mapa da Violência 2012 Os novos padrões da violência homicida no Brasil, por Júlio Jacobo Waisefisz.

A seguir, leia trechos do estudo referentes apenas a Pernambuco e a violência no Estado.
Quem desejar, poderá ler o estudo na íntegra através do link http://www.sangari.com/mapadaviolencia/pdf2012/mapa2012_web.pdf
O estudo confirma os dados oficiais divulgados pelo governo do Estado de que houve redução da violência na cidade do Recife:
Nos dois municípios do estado com mais de 500 mil habitantes: Recife e Jaboatão dos Guararapes, as
quedas foram significativas e semelhantes em ambos, em torno de 40%. A intensidade das
quedas vai diminuindo até os 65 municípios de menor porte, entre 5 e 20 mil habitantes,
onde as taxas em realidade cresceram, aponta o trabalho de pesquisa.
O estudo de Júlio Jacobo ainda acrescenta:
Recife, que em 2000 era a cidade mais violenta do Estado, com uma taxa de 97,5 homicídios em 100 mil habitantes, em 2010 passa para a 12º posição no Estado, com uma taxa de 57,9. No ano 2000 várias áreas concentravam a violência extrema do estado. Eram os polos dinâmicos centrados em torno de determinadas atividades: a agricultura irrigada do polo Petrolina, o polo das confecções do eixo Santa Cruz do Capibaribe/Caruaru, o denominado poligono da maconha, a Região Metropolitana do Recife, a região da Mata Sul do Estado.
O estudo prossegue lembrando que na virada do século, Pernambuco era o estado que apresentava o maior nível de violência do país. Sua taxa de 54 homicídios em 100 mil habitantes duplicava o índice nacional. Para o ano 2010 essa taxa cai para 38,8, o que representa uma queda de 28,2%, localizando-se agora no quarto lugar entre as 27 UF.
Em sua evolução histórica, desde 1980, podemos reconhecer quatro grandes etapas. Nas duas
primeiras, que vão até o ano 2001, as taxas de homicídios são crescentes, e o motor desse crescimento
pode ser encontrado na elevação das taxas nas regiões metropolitanas (RM) do estado, que
se distanciam do interior. As duas últimas etapas, a partir de 2001, vão marcar o declínio nas taxas,
com início lento e acelerando a partir de 2007, onde as quedas concentram-se também nas RM,
cujas taxas vão se reaproximando das do interior.
Diversas situações do Estado vão resultar nesses quatro períodos:
Primeiro período: 1980/1994.
As taxas do estado, sempre acima das nacionais, crescem de forma moderada, com um ritmo de 4,7% ao ano, com maior intensidade no interior. O estado acompanha de perto o crescimento nacional, onde já aparece entre os cinco mais violentos do país.
Segundo período: 1994/2001.
Acelerado crescimento das taxas (7,7% aa.), centrado nas RM
(9,1% aa.) crescendo com uma intensidade bem acima da média nacional (3,9% aa.). Esse íngreme
crescimento leva o Estado a ocupar o primeiro lugar no mapa nacional em 1998, situação que
perdura até 2001. Em contra partida, também o interior continua crescendo de forma regular,
mas com um ritmo bem menor que as RM. Com isso, as diferenças entre ambas as áreas tende a
aumentar: as taxas das RM mais que duplicam às do interior.
Terceiro período: 2001/2007.
Estagna a espiral de violência e as taxas do estado, vagarosamente,
começam a declinar (-1,7% aa.), acompanhando o ritmo nacional (-1,6%). As RM apresentam
uma taxa de queda levemente maior (-2,8% ao ano) que as do interior, que praticamente estagna
(0,8% ao ano.).
Quarto período: 2007/2010*.
Quedas aceleradas nas taxas de homicídio do estado (-9,9%
aa.) puxadas pelas RM (-11,2% aa.), mas com significativas quedas, ainda que em menor grau,
no interior (-7,3%). Num período que os índices nacionais aumentam muito devagar (1,3% aa.) o
estado cai para o 4º lugar entre as 27 UF. As taxas do interior vão ficando mais próximas às da RM.
Além dos 14 municípios que integram a RM de Recife, aqui também são incluídos os dados do município de Petrolina, integrante do RIDE do Polo Petrolina/Juazeiro.
Na última década, podemos ver que:
Cai a participação relativa dos grandes centros urbanos: nas seis cidades do estado com
mais de 200 mil habitantes, as taxas passam de 89,6 em 2000 para 48,7 em 2010, um declínio
de 45,6%.
Pode-se verificar que, em geral, quanto maior o tamanho
do município, maiores foram as quedas nos homicídios registrados na década. Nos dois
municípios do estado com mais de 500 mil habitantes: Recife e Jaboatão dos Guararapes, as
quedas foram significativas e semelhantes em ambos, em torno de 40%. A intensidade das
quedas vai diminuindo até os 65 municípios de menor porte, entre 5 e 20 mil habitantes,
onde as taxas em realidade cresceram.
Inclusive nos 3 municípios com menos de 5 mil habitantes, que no ano 2000 não registraram
nenhum homicídio, em 2010 já evidenciam a existência de mortes por agressão intencional.
Vemos assim que, se no conjunto do estado os homicídios caíram 28,2%, as quedas não se
espalharam uniformemente no conjunto dos municípios. Seria de esperar que com as quedas,
deveria aumentar o número de municípios sem registro de homicídios, mas pelo contrário,
o número de municípios livres do flagelo diminuiu. Em 2000, Pernambuco registrou
19 municípios sem homicídios, já em 2010 esse número caiu para 12.
Recife, que em 2000 era a cidade mais violenta do estado, com uma taxa de 97,5 homicídios
em 100 mil habitantes, em 2010 passa para a 12º posição no estado, com uma taxa de 57,9.
Essas mudanças também podem ser observadas nos mapas. No ano 2000 várias áreas concentravam
a violência extrema do estado. Eram os polos dinâmicos centrados em torno de
determinadas atividades: a agricultura irrigada do polo Petrolina, o polo das confecções
do eixo Santa Cruz do Capibaribe/Caruaru, o denominado poligono da maconha, a RM de Recife, a região da mata sul do Estado.
Para 2010 o panorama fica muito mais difuso e os antigos polos perdem especificidade, com
deslocamentos significativos, por exemplo, da região da mata sul para a mata norte do estado.
Resumindo, Pernambuco forma parte do conjunto de estados onde o fenômeno da disseminação
da violência atuou de forma clara, com marcadas quedas nos grandes centros urbanos e
elevação dos níveis em áreas relativamente tranquilas na virada do século.

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