28 de abril de 2012

Agora é preciso sermos mais criativos nas ações afirmativas RENATO PEDROSA



ESPECIAL PARA A FOLHA
A decisão do Supremo transfere definitivamente às universidades a tarefa de decidir sobre ações afirmativas.
Afastado o fantasma da inconstitucionalidade, é hora de a comunidade universitária ser criativa, buscando, além dos programas vigentes, novas formas de incluir todos os grupos relevantes, em particular o dos jovens que, devido ao baixo nível da educação recebida nos bancos escolares, se sintam excluídos da oportunidade de estudar nas universidades públicas.
Melhorar o ensino médio público e desenvolver políticas de permanência para a maioria dos alunos é fundamental, pois de 35% a 40% dos jovens que ingressam no ensino médio não o concluem.
Essa ação é, provavelmente, a de efeito mais relevante e duradouro, portanto, merecedora de atenção especial.
Mas é tema fora do alcance das decisões das universidades. Já adotar políticas que quebrem o círculo vicioso da autoexclusão, que os sistemas de cotas ou bônus não resolvem, está ao alcance. Por exemplo, há um modelo que, sem critérios de raça ou socioeconômicos, se baseia na desigualdade da geografia urbana. A ideia é selecionar e admitir um grupo de alunos de cada escola pública. Esse modelo tem efeitos imediatos sobre a inclusão e leva a universidade até escolas onde o acesso ao ensino superior parece uma miragem. Hoje, o estado do Texas, nos EUA, utiliza tal política, com resultados impressionantes para a inclusão das minorias sem prejuízo da qualificação acadêmica.
As ações mencionadas acima merecem a atenção de autoridades educacionais. A que apresentamos ao final, aplicada de forma muito incipiente em nosso país (há um programa piloto na Unicamp, que utiliza o Enem para selecionar os melhores alunos de cada escola de Campinas), deveria, particularmente, ser analisada pelas universidades públicas comprometidas com a inclusão social.
RENATO PEDROSA é coordenador do Grupo de Estudos em Educação Superior da Unicamp

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