3 de abril de 2012

Desenvolvimento sustentável: Nobel de economia defende sanção comercial contra EUA



NOVA YORK — O economista e prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, disse nesta segunda-feira, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), que os países precisam avançar na construção de uma agenda para o desenvolvimento sustentável, independentemente do apoio dos EUA. Stiglitz defendeu a imposição de sanções comerciais aos americanos como mecanismo de pressão na transição para um novo modelo econômico e disse que os EUA “estão impondo custos altos demais ao restante do mundo” com seu posicionamento.
— Se todos os países concordarem com a adoção de um novo modelo de desenvolvimento que busque o crescimento sustentável e não houver mecanismos de pressão capazes de dissuadir os países que se posicionarem contra, sanções comerciais são o caminho a ser adotado — apontou o economista.
Para ele, o posicionamento dos EUA diante de questões como a de mudanças climáticas ou do esgotamento de alguns recursos naturais tem representado um entrave ao avanço da agenda de sustentabilidade pelos países.
— Somos o segundo maior poluidor do planeta, mas infelizmente há um grande número de pessoas em nosso país, especialmente pessoas ligadas ao Partido Republicano, que não acredita na ciência e isso torna o avanço da agenda muito difícil.
Stiglitz participou, ao lado do também prêmio Nobel de Economia Jeffrey Sachs do “Encontro sobre bem-estar e felicidade”, promovido pelo governo do Butão, e que marca a implementação da resolução da ONU para busca de um “padrão holístico” para medir o desenvolvimento dos países. A resolução aprovada em julho do ano passado afirma que o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelos países) não é suficiente para medir o bem-estar de uma população, e convida as nações signatárias a elaborarem medidas adicionais para fazer esse diagnóstico e conhecer a Felicidade Interna Bruta (FIB) — indicador criado em 1972, pelo Butão — para mensurar o bem-estar de sua população.
Segundo Sachs, a discussão em torno da FIB e a adoção de indicadores de felicidade e de bem-estar emocional pelos países poderá fazer parte dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) — ideia que deverá ser lançada em junho, na Rio+20, com metas a serem alcançadas pelas nações em diferentes temas, nos mesmos moldes dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM).
Implementados a partir da Rio-92, os ODM visavam a resolver problemas já existentes na sociedade. Já os ODS devem buscar, segundo os participantes da conferência, ações para prevenir problemas ainda não vivenciados, mas previstos como inevitáveis, como consequência das mudanças climáticas ou pelo esgotamento de recursos naturais.
O indicador de FIB do Butão analisa hoje 72 variáveis, distribuídas em nove categorias: bem-estar emocional, saúde, educação, uso e equilíbrio do tempo, vitalidade e diversidade cultural, boa governança, vitalidade comunitária, vitalidade e diversidade ambiental e padrão de vida. O índice varia de zero a um, e o país, no último cálculo, realizado em 2010, atingiu 0,73 pontos. Pelo Índice de Desenvolvimento Humano da ONU (IDH) de 2011 — no qual as nações são classificadas segundo a soma de indicadores de educação e de longevidade ao PIB —, o Butão ficou na 141 posição, com 0,522 pontos, ou seja, de médio desenvolvimento humano.

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