14 de abril de 2012

'Mundo terá taxa de carbono em dez anos'


Previsão é de Jean Charest, primeiro-ministro de Québec, no Canadá, veterano da Eco-92 que virá à cúpula no Rio

Para político, criação de imposto sobre setores poluentes será inevitável e deve impulsionar inovação

Jean Charest, primeiro-ministro de Québec, discursa em encontro com empresários em São Paulo, na última quarta
Jean Charest, primeiro-ministro de Québec, discursa em encontro com empresários em São Paulo, na última quarta
ANDREA VIALLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em um prazo de dez anos o mundo terá uma taxa sobre as emissões de carbono, o que vai transformar os negócios e fortalecer a discussão sobre a economia verde, tema central da Rio+20, conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, que será realizada em junho.
A avaliação não parte de nenhum ambientalista, e sim do primeiro-ministro da província de Québec, no Canadá, Jean Charest. Em 1992, quando era ministro do Meio Ambiente, ele chefiou a delegação canadense na Eco-92.
"Estamos no momento de reorganizar a economia mundial, e a questão ambiental vai se impor pelo próprio mercado. Nos próximos dez anos, será inevitável a criação de um imposto sobre as emissões", diz Charest, que esteve no Brasil nesta semana para compromissos com ministros e empresários. Segundo ele, já existe uma corrida tecnológica rumo à economia de baixo carbono.
Em junho, ele volta ao Brasil para participar da Rio+20. Vai apresentar na cúpula o "Plano Norte", estratégia de desenvolvimento para a província de Québec que prevê, para os próximos 25 anos, investimentos pesados em energias renováveis e incentivos para manter 50% do território coberto por florestas.
"Em Québec temos uma meta própria de redução das emissões de gases de efeito estufa, por isso as fontes renováveis estão no centro do nosso planejamento."
A província de Québec tem o objetivo de cortar 20% das emissões de gases de efeito estufa até 2020, com base nos índices de 1990. Para isso, explica Charest, o plano é investir, nos próximos 25 anos, US$ 47 bilhões em energias renováveis -eólica, hidrelétrica e outras fontes alternativas que estão em estudos.
"Também estamos fazendo a eletrificação do sistema de transporte público. Outra estratégia é manter 50% do território da província de Québec ocupado por florestas, que naturalmente absorvem o carbono da atmosfera", afirma Charest.
AMAZÔNIA CANADENSE
O primeiro-ministro de Québec acredita que existem muitas similaridades entre a província de Québec e a Amazônia brasileira. Localizada no norte do Canadá, Québec é rica em recursos naturais e possui vasto território com uma pequena população (7,7 milhões de pessoas, a maioria concentrada na capital, Montréal).
Há pelo menos quatro tribos de povos nativos, como os inuits, e muitas florestas. O subsolo possui minérios como níquel, cobalto, zinco e minério de ferro.
"Essa riqueza precisa ser explorada de modo sustentável, por isso trabalhamos durante mais de dois anos para desenvolver o plano de desenvolvimento para a província", diz o primeiro ministro, que acredita que existem boas chances de parceria com o Brasil, tanto em termos de troca de tecnologia quanto na atração de investimentos, já que o país vive um bom momento econômico.
Uma das principais áreas de cooperação entre os dois países é justamente na área de energias limpas, especialmente eólica. "Todo o mundo está batendo na porta do Brasil, o que seria impensável há vinte anos atrás. É outro país, comparado com o que visitei, há 20 anos", diz.

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