29 de abril de 2012

Salário de docente no Canadá paga 2 no Brasil


Professor universitário brasileiro vive 'sem conforto', segundo estudo internacional que fez pesquisa em 28 países

Levantamento compara salários de instituições dos cinco continentes; no Brasil, instituições públicas pagam melhorSABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
Ser professor universitário no Brasil pode não ser mais tão vantajoso. Um estudo inédito que compara o salário de docentes de 28 países mostra que as universidades por aqui têm bons benefícios, mas deixam a desejar nos holerites.
Em média, um professor universitário no Brasil ganha U$S 4.550 mensais (cerca de R$ 8.500) quando atinge o topo da sua carreira.
Isso corresponde a cerca de metade do que receberia em instituições do Reino Unido ou do Canadá (veja infográfico).
Considerando o custo de vida local, um docente brasileiro não consegue viver "com conforto", afirma o trabalho.
A compilação está no livro "Paying the Professoriate" (Pagando os Professores, Ed. Routledge), lançado neste mês. O trabalho foi coordenado pelo Centro Internacional de Ensino Superior da Boston College (EUA) e pela Universidade Nacional de Pesquisa de Moscou (Rússia).
No Brasil, os maiores salários estão nas universidades públicas, que concentram 91,6 mil dos 132,4 mil professores com dedicação integral.
Apesar de receberem mais, os docentes dessas instituições têm o pagamento padronizado conforme cargo e formação. Ou seja: professores titulares de universidades estaduais paulistas, por exemplo, terão o mesmo holerite.
"Os salários fixos são um problema quando se quer trazer pessoas excepcionais para o ensino superior nacional", analisa o sociólogo e cientista político Simon Schwartzman, autor do capítulo brasileiro do estudo.
Universidades públicas de países como China e EUA, por exemplo, podem fazer propostas e contratar docentes conforme desejarem -inclusive estrangeiros.
Isso cria um ambiente de competitividade que, dizem especialistas, pode ser benéfico para as universidades.
Os salários analisados no trabalho, porém, não consideram alguns benefícios. Docentes com cargos administrativos, como chefia de departamento, recebem extras.
BOLSA E APOSENTADORIA
Se a produtividade científica for alta, o complemento vem do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento), que paga uma bolsa mensal de R$ 1.300,00.
"Em geral, as condições de trabalho na universidade brasileira são boas e atrativas", analisa Schwartzman.
Além disso, vantagens como a estabilidade de emprego e a aposentadoria integral também atraem os docentes às instituições públicas.
A pesquisa destaca ainda que o "engessamento" de salários evita desníveis entre regiões do país, áreas do conhecimento ou gênero.
É o que ocorre, por exemplo, no Canadá. Lá, uma professora ganha 20% menos do que um colega homem.




No país, ensino superior privado fica para trás
DE SÃO PAULO
Apesar de os maiores salários estarem nas universidades públicas, a maioria dos alunos do país (75%) está nas instituições privadas.
Nessas, a prevalência é de docentes com dedicação parcial (81%). Ou seja: eles têm mais de um emprego.
A capacitação também é melhor nas públicas -48% dos professores têm doutorado. Nas privadas, são 8%.
Para o sociólogo Simon Schwartzman, autor da parte brasileira do estudo, nas privadas a ordem é o ensino ser barato. "Significa pagar pouco a docentes e investir pouco na infraestrutura."



Um comentário:

  1. Prezado Prof. Werthein,

    Também abordei este tema hoje no meu blog, fazendo uma análise pessoal dos dados apresentados na reportagem da Folha.

    http://quipronat.wordpress.com/2012/04/29/salarios-de-professores-universitarios-no-brasil-e-no-exterior/

    Cordialmente,
    Roberto

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