30 de julho de 2012

Educação e competição


Nas últimas décadas, o Brasil vem acumulando conquistas políticas, sociais e econômicas, saindo da condição de subdesenvolvido para o grupo das nações emergentes. Ao dominar a superinflação e conquistar a estabilidade da moeda, o país iniciou a preparação do alicerce para que iniciasse a trajetória rumo ao crescimento. Enquanto países, até pouco tempo vistos como prósperos, mergulham num estado de incerteza em relação ao futuro, a economia brasileira demonstra que adquiriu solidez, tornando-se grande valor para a sociedade.

Para poder aproveitar o bom momento econômico e dar continuidade ao crescimento, o Brasil precisa se desvencilhar dos antigos entraves, que atrapalham a competitividade, a eficiência e o desenvolvimento do país. Um dos principais gargalos diz respeito ao sistema educacional, que não tem conseguido se adequar aos novos desafios e constantes mudanças no âmbito dos negócios, a fim de prover profissionais qualificados e capazes de atender as necessidades do mercado. Em função desse cenário, as empresas atuam globalmente para encontrar e tentar reter o melhor talento.

Pesquisa realizada pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) com executivos brasileiros, a partir da reprodução da McKinsey Global Survey 2010, mostra que a melhoria na educação, a produtividade do trabalho e a gestão de talentos estão entre as principais forças de transformação que podem influenciar nos resultados das organizações. Quando comparadas à importância para os negócios e às ações efetivas, 94% dos entrevistados confirmam a preocupação com essas questões, enquanto 80% adotam medidas ativas para minimizar a lacuna e aperfeiçoar a gestão de talentos.

A carência de profissionais qualificados é nítida, especialmente como resultado dos baixos investimentos estatais na área da educação e da falta de integração das três esferas — governo, escolas e empresas — em prol da melhoria da qualidade do modelo de ensino no país.

Outro estudo realizado com 30 empresas sediadas no país pela PricewaterhouseCoopers (PwC) Brasil, em 2011, revela que a contratação de executivos com o perfil desejado para atender aos objetivos estratégicos é o mais difícil entre os diferentes níveis hierárquicos, assim como os de gestão de pesquisas e desenvolvimento (P&D). Encontrar profissionais técnicos especializados tem sido outro desafio para a gestão de pessoas.

Diante dessas dificuldades, os programas de retenção de talentos e desenvolvimento de profissionais estão entre os maiores focos das organizações, superando os da contratação e firmando-se como as chaves para consolidar o sucesso das empresas no mercado. Por isso, no cenário de transformações, a gestão de pessoas ganha especial importância e torna-se uma das principais estratégias de muitas companhias que buscam alternativas para suprir as necessidades de qualificação profissional e ganhar competitividade no século 21.

Assim, o mundo corporativo passa a ser um dos melhores ambientes para formar capital humano, com a implantação de práticas inovadoras e a criação de programas próprios de capacitação, treinamento e desenvolvimento de talentos e novas lideranças.

Mesmo saindo da sua vocação primária, de prover produtos e serviços competitivos, as empresas se juntam aos governos e às escolas na busca de solução para suprir a lacuna educacional, compreendendo a importância de sua atuação em prol de grandes temas essenciais ao desenvolvimento do Brasil. Cooperar e compartilhar boas práticas e iniciativas de quem já vem exercendo seu papel na formação de profissionais desponta, enfim, como um dos caminhos mais eficazes para mobilizar as demais organizações, incentivá-las a adotar ações gerenciais efetivas e comprovar que o conhecimento profissional pode contribuir para o crescimento e para a inovação corporativa, garantindo a continuidade da expansão econômica brasileira.

 JAIRO MARTINS
Superintendente-geral da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ)

CORREIO BRAZILIENSE
30/07/2012 

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