11 de agosto de 2012

ANAC: Aperto sem fim


EDITORIAIS, Folha de S.Paulo
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Fazer viagens longas de avião -ao menos na classe econômica- já constitui um desafio à capacidade de resistência de qualquer pessoa. Para idosos, obesos ou pessoas com problemas de locomoção, esse desafio pode se transformar numa virtual impossibilidade.

A Anac, agência governamental que fiscaliza a aviação civil, lança agora para discussão pública novas normas de acessibilidade para aeroportos e empresas aéreas.
De 2007 -quando foram elaboradas as regras em vigor- aos dias de hoje, acelerou-se a consciência sobre o imperativo de franquear acesso a espaços e serviços públicos para um grande número de pessoas antes relegadas à imobilidade, quando não ao abandono.
As regras em estudo tornam obrigatório em todos os aeroportos o "ambulift", elevador especial para o transporte de cadeirantes. A exigência recai, atualmente, sobre as companhias aéreas: nem todas a cumprem ou possuem tal equipamento em quantidade adequada.
Se mantidas em sua formulação original, contudo, as novas regras ainda não afastarão todos os problemas. Mantém-se, por exemplo, o limite de apenas dois viajantes com problemas de mobilidade em cada avião, assim como a exigência de que avisem seu embarque com 48 horas de antecedência.
Extingue-se, por alegadas razões de segurança, a reserva das três primeiras fileiras a portadores de necessidades especiais. Com isso, ganham as companhias: poderão cobrar mais por lugares onde se dispõe de um pouco mais de espaço.
O aperto em viagens aéreas, em especial após a explosão da demanda, não se resolve com regulamentos. Podem reduzir o transtorno de portadores de deficiência, mas não o desconforto geral -que não é peculiaridade brasileira.
A longo prazo, a piora dos serviços no setor deveria incentivar alternativas como o transporte ferroviário, que tem potencial para oferecer maior comodidade e é largamente adotado por outros países. O longo prazo, porém, é sempre mais longo num país como o Brasil.

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