Primeiras séries do ensino fundamental evoluíram mais do que o esperado, enquanto o antigo colegial parou
FÁBIO TAKAHASHI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA
TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO, 15/8/2012, Folha de S.Paulo
O governo federal pretende mudar a grade curricular do ensino médio público e diminuir o número de disciplinas na grade das escolas.
O plano de mudança foi anunciado pelo Ministério da Educação após a divulgação dos resultados do Ideb, o índice que mede o desempenho da educação básica nacional.
Segundo os dados referentes ao ano passado divulgados ontem, o ensino médio, antigo colegial, estagnou no país. A nota, que vai de zero a dez, considera o desempenho em português e matemática e também a taxa de aprovação dos estudantes (quantos passaram de ano).
Divulgado a cada dois anos, o índice estagnou em 3,4 no ensino médio público (majoritariamente oferecido pelos governos estaduais), o mesmo indicador de 2009, ainda que dentro da meta de 2011.
Na rede privada, por exemplo, a nota média nessa etapa de ensino foi de 5,7. A meta estipulada é de 5,8.
O Ideb mostra também que o desempenho de estudantes do ensino médio público em português e matemática foi inferior ao atingido por alunos do último ano do fundamental particular. Em matemática, a nota foi 265 pontos na rede pública contra 298 na particular, por exemplo.
Para o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, é grande o número de matérias obrigatórias no ensino médio -atualmente são 13.
"É uma sobrecarga muito grande. Não contribui para formar melhor o aluno", afirma. A proposta de redução do currículo nessa etapa do ensino público será apreciada pelo Conselho Nacional de Educação.
MELHOR DESEMPENHO
O desempenho dos alunos do ensino fundamental em escolas públicas foi mais animador.
Os estudantes do 5º ano do fundamental melhoraram e chegaram ao patamar que era esperado apenas para 2013: média 4,7.
"As gerações mais novas tiveram muitos fatores que beneficiaram o aprendizado, como o aumento de estudantes na pré-escola, melhoria da renda familiar e da educação dos pais. Então, é natural que o ensino evolua mais nessas séries", diz o coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, Naercio Menezes Filho.
Entre estudantes do fundamental, o sistema paulista perdeu uma posição no ranking nacional e agora é o 3ºDO ENVIADO A BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
O ensino fundamental mantido pela rede estadual de São Paulo não apresentou melhora, aponta o Ideb.
A nota dos anos iniciais e finais dessa etapa de ensino ficou estagnada entre 2009 e 2011. Por outro lado, o ensino médio estadual paulista melhorou.
A rede estadual de São Paulo apresentou evolução apenas no ensino médio: o Ideb subiu de 3,6 para 3,9, nota prevista para a rede do Estado em 2013. Houve melhora no desempenho em português e na aprovação.
Com as notas melhores, o Estado subiu da quarta para a segunda posição do país.
FUNDAMENTAL
Nos primeiros anos do fundamental, a nota foi a mesma de 2009: 5,4, acima da meta para 2011, que era 5,3.
A taxa de aprovação dos alunos também continuou a mesma e houve leve aumento das notas em português e matemática -disciplinas avaliadas no teste.
Nessa etapa, o sistema paulista perdeu uma posição no ranking nacional e agora é o terceiro melhor do país.
Não houve evolução também dos indicadores dos anos finais da rede estadual, em que o Ideb permaneceu em 4,3 -também acima da meta, de 4,2. Nesse nível caiu da primeira para a terceira posição no país.
META POR AVALIAÇÃO
Para Francisco Soares, professor do grupo de avaliação e medidas educacionais da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), uma das hipóteses para que o Estado tenha melhorado no ensino médio e estagnado no fundamental é que, ao perceber o resultado de avaliações anteriores, o Estado investiu mais nos anos finais.
"A avaliação cria uma zona de desconforto para quem está no sistema. Foi uma reação aos resultados".
A Secretaria de Estado da Educação diz que a rede, como um todo, ultrapassou todas as metas do Ideb.
"Os dados referentes à avaliação realizada no ano passado apontam que o ensino médio atingiu o indicador projetado para ser alcançado em dois anos. O índice obtido foi de 3,9, ante a meta de 3,6", afirma em nota.
Segundo a secretaria, os indicadores do ensino fundamental não foram ruins.
"Para os anos iniciais do ensino fundamental, o Ideb foi de 5,4, enquanto a meta era de 5,3. No ciclo 2 do ensino fundamental, o indicador atingido foi 4,3, sendo que a projeção era de 4,2."
Com a maior nota no Ideb do 9º ano do fundamental, o Colégio de Aplicação da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) está sem aulas desde maio, devido à greve dos professores federais.
Dos 411 alunos da instituição, só os do 3º ano do ensino médio continuam em sala de aula. Isso por opção dos grevistas, que decidiram não parar os estudos do grupo às vésperas do vestibular.
Para o diretor do colégio, Alfredo Matos Moura Júnior, os estudantes não serão prejudicados, apesar da greve. "As aulas serão repostas e ninguém vai perder o ano."
Os alunos são selecionados em um disputado concurso anual para ingresso na sexta série. A prova, apenas com questões de português e matemática, atrai até 2.000 candidatos para 55 vagas.
A proporção, de 36 candidatos por vaga, é superior ao curso mais procurado no vestibular 2012 da UFPE, o de medicina, que obteve média de 34,9 postulantes por vaga.
Não há provas extras durante o ano letivo. A recuperação de alunos é feita "em sala de aula", pelos próprios professores, disse o diretor.
Segundo ele, 70% dos docentes são mestres e doutores, 28% cursam pós-graduação e 2% são graduados.
"Não tem nenhuma mágica", declarou Moura Júnior, sobre o aprendizado na escola, fundada há 54 anos.
"Nossa busca é por alunos mais críticos e mais sensatos."
Estadual de SP só melhora no ensino médio
Desempenho na rede pública paulista avança e passa da quarta para a segunda posição no ranking nacionalEntre estudantes do fundamental, o sistema paulista perdeu uma posição no ranking nacional e agora é o 3ºDO ENVIADO A BRASÍLIA
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O ensino fundamental mantido pela rede estadual de São Paulo não apresentou melhora, aponta o Ideb.
A nota dos anos iniciais e finais dessa etapa de ensino ficou estagnada entre 2009 e 2011. Por outro lado, o ensino médio estadual paulista melhorou.
A rede estadual de São Paulo apresentou evolução apenas no ensino médio: o Ideb subiu de 3,6 para 3,9, nota prevista para a rede do Estado em 2013. Houve melhora no desempenho em português e na aprovação.
Com as notas melhores, o Estado subiu da quarta para a segunda posição do país.
FUNDAMENTAL
Nos primeiros anos do fundamental, a nota foi a mesma de 2009: 5,4, acima da meta para 2011, que era 5,3.
A taxa de aprovação dos alunos também continuou a mesma e houve leve aumento das notas em português e matemática -disciplinas avaliadas no teste.
Nessa etapa, o sistema paulista perdeu uma posição no ranking nacional e agora é o terceiro melhor do país.
Não houve evolução também dos indicadores dos anos finais da rede estadual, em que o Ideb permaneceu em 4,3 -também acima da meta, de 4,2. Nesse nível caiu da primeira para a terceira posição no país.
META POR AVALIAÇÃO
Para Francisco Soares, professor do grupo de avaliação e medidas educacionais da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), uma das hipóteses para que o Estado tenha melhorado no ensino médio e estagnado no fundamental é que, ao perceber o resultado de avaliações anteriores, o Estado investiu mais nos anos finais.
"A avaliação cria uma zona de desconforto para quem está no sistema. Foi uma reação aos resultados".
A Secretaria de Estado da Educação diz que a rede, como um todo, ultrapassou todas as metas do Ideb.
"Os dados referentes à avaliação realizada no ano passado apontam que o ensino médio atingiu o indicador projetado para ser alcançado em dois anos. O índice obtido foi de 3,9, ante a meta de 3,6", afirma em nota.
Segundo a secretaria, os indicadores do ensino fundamental não foram ruins.
"Para os anos iniciais do ensino fundamental, o Ideb foi de 5,4, enquanto a meta era de 5,3. No ciclo 2 do ensino fundamental, o indicador atingido foi 4,3, sendo que a projeção era de 4,2."
Melhor 9º ano é de colégio em PE que está em greve desde maio
DE RECIFECom a maior nota no Ideb do 9º ano do fundamental, o Colégio de Aplicação da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) está sem aulas desde maio, devido à greve dos professores federais.
Dos 411 alunos da instituição, só os do 3º ano do ensino médio continuam em sala de aula. Isso por opção dos grevistas, que decidiram não parar os estudos do grupo às vésperas do vestibular.
Para o diretor do colégio, Alfredo Matos Moura Júnior, os estudantes não serão prejudicados, apesar da greve. "As aulas serão repostas e ninguém vai perder o ano."
Os alunos são selecionados em um disputado concurso anual para ingresso na sexta série. A prova, apenas com questões de português e matemática, atrai até 2.000 candidatos para 55 vagas.
A proporção, de 36 candidatos por vaga, é superior ao curso mais procurado no vestibular 2012 da UFPE, o de medicina, que obteve média de 34,9 postulantes por vaga.
Não há provas extras durante o ano letivo. A recuperação de alunos é feita "em sala de aula", pelos próprios professores, disse o diretor.
Segundo ele, 70% dos docentes são mestres e doutores, 28% cursam pós-graduação e 2% são graduados.
"Não tem nenhuma mágica", declarou Moura Júnior, sobre o aprendizado na escola, fundada há 54 anos.
"Nossa busca é por alunos mais críticos e mais sensatos."
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