14 de agosto de 2012

Estado do Rio pula do penúltimo lugar para o 15º no Ideb


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RIO - O ensino médio do estado do Rio de Janeiro passou de penúltimo colocado no Ideb de 2009 para o 15º entre as 27 redes estaduais do país em 2011. Com nota 3,2, o Rio bateu a meta de 3,1 estabelecida pelo Inep. Depois de passar as últimas três edições do Ideb estagnado em 2,8, o estado conseguiu um crescimento de 0,4, o segundo maior do país, atrás apenas de Goiás, que subiu 0,5. No entanto, o resultado fluminense ainda ficou abaixo da média nacional, de 3,7, e longe da meta do governador Sergio Cabral de estar no top 5 do ranking em 2014. Entre os cinco primeiros estão Santa Catarina (4), São Paulo (3,9), Minas Gerais (3,7), Paraná (3,7) e Goiás (3,6).

Em 2009, a rede estadual fluminese só teve um desempenho melhor no Ideb do que o do Piauí, empatado com Alagoas, Rio Grande do Norte e Amapá. Para Wilson Risolia, secretário estadual de Educação do Rio, a posição no ranqueamento atual superou as expectativas do governo, e o crescimento atingiu a meta estabelecida quando ele assumiu o cargo no fim de 2010. Risolia disse que agora está mais confiante para levar o Rio ao top 5 em 2014, mesmo se os estados à frente também crescerem.
— Superamos em muito nossa meta gerencial para este ano, que era ficar em 19º, e atingimos cravado o crescimento de 0,4 que havíamos projetado. Como formulador de políticas públicas, considero bom se todos estados evoluírem. Hoje, temos mais segurança sobre a nossa proposta e aonde podemos chegar. Antes, tínhamos o diagnóstico dos problemas e passamos a conhecer a realidade de perto. Agora consigo enxergar o problema que um aluno tem numa escola, da turma que for e da série que for, quais as competências que não conseguiu desenvolver. Assim, fica mais fácil fazer a correção de rumo e acelerar o crescimento — disse Risolia.
Especialista diz que será preciso redobrar esforços para Rio chegar ao top 5 em 2014
Doutora em Educação pela PUC-Rio, Andrea Ramal reconhece o salto qualitativo do Rio, mas pondera que será preciso redobrar os esforços para atingir a meta estabelecida pelo governador Sérgio Cabral.
— O salto me parece muito positivo. Está acontecendo nos últimos anos um esforço de gestão, que se tornou mais eficaz, porque foram implementadas metas por escola e uma política de retenção do aluno na escola através de reforço. Mas ainda há ajustes a se fazer. Falta ainda incrementar a formação de professores e a valorização deles para que se possa ficar com os melhores talentos, além de melhorar a infraestrutura das escolas. O salto tem que ser ainda maior e o esforço do Rio terá que ser enorme. O governo vai ter que contar com outros parceiros e estreitar mais a relação com os professores, ouvir mais as dificuldades do dia a dia. Ainda há muito a avançar na construção de uma rede cooperativa — aponta a especialista.
Se forem levadas em consideração apenas as médias das notas obtidas na Prova Brasil (exame nacional com questões de português e matemática), a situação do Rio melhora, e o Rio ocupa a 11ª colocação do ranking. O estado, junto com Santa Catarina, teve o maior crescimento do país, de 0,21. Segundo Risolia, isso foi possível graças ao estabelecimento de um currículo mínimo e do Saerjinho, uma avaliação diagnóstica bimestral para os alunos da rede (com provas de português, matemática, química, física e biologia). O secretário também destaca ações como programas de reforço escolar e formação continuada professores.
— Chegamos na rede com o penúltimo lugar do Ideb. Não havia um currículo mínimo, e apenas 60 mil alunos com reforço, o que é pouco. Ao fim desse ano serão 240 mil. Abrimos 4 mil bolsas de formação continuada em 2011. Esse ano serão 7 mil. A relação de proficiência do aluno e de professor que passou pela formação é muito próxima. Turmas cujos professores passaram pela formação são bem melhores. Todo nossa formação é baseada no currículo. A cada dois meses, com o Saerjinho, fomos acompanhando o quanto a rede vinha crescendo nesse avaliador de proficiência — explica o secretário.
O que puxou a nota do Rio para baixo foi o Indicador de Rendimento, que leva em conta as taxas de aprovação. Apesar de subir de 0,68 para 0,73, o estado ficou na 22ª colocação, na frente apenas de RN, MS, AL, RS e DF. Apesar de admitir que a nota ainda é baixa, Risolia destacou a redução no nível de abandono, de 16,5% em 2009 para 14,4%, em 2011, atribuída ao programa Renda Melhor Jovem (benefício destinado a alunos vindos de famílias com renda per capita mensal de R$ 120) e a gestão integrada escolar (Gide). Ele também anunciou medidas para diminuir o índice de reprovação, como um novo método de ensino para jovens e adultos (EJA), com uma didática nova, material de apoio com conteúdo digital e plano de aulas, que já estão em teste e serão lançados até o fim do ano:
— Nosso indicador está em 0,73, que ainda é baixo. Mas a redução do abandono contribuiu com 77% de melhora na taxa de rendimento. Isso é consequência do Renda Melhor Jovem, uma poupança para que o aluno que precisa trabalhar não abandone a escola. Tínhamos alguns casos de escolas que reprovam a metade dos alunos, o que não é normal. Implementamos a Gide, que nos permite medir as variáveis que afetam o desempenho escolar. Com isso, controlamos qualquer variável, como defasagem de idade-série elevada. Mantendo essa variação nesse ritmo, seguramente aprovaremos mais. Se a proficiência cresce, o indicador de fluxo acompanha: aluno aprende mais e repete menos.

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