24 de agosto de 2012

UNESCO: Analfabetismo funcional

A recente divulgação dos dados da oitava edição do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), pesquisa realizada pelo Instituto Paulo Montenegro, oferece um amplo e consistente painel dos níveis de alfabetismo de jovens e adultos brasileiros, nos últimos dez anos.
Unesco define "analfabeto funcional"como toda pessoa que sabe escrever seu próprio nome, como lê e escreve frases simples, sabe fazer cálculos básicos, contudo, é incapaz de usar a leitura e a escrita em atividades rotineiras do dia a dia, impossibilitando seu desenvolvimento pessoal, profissional, acesso ao mercado globalizado de trabalho, mercê dificuldades de aprendizagem do conhecimento tecnológico da modernidade. Ou seja : o analfabeto funcional não consegue interpretar o sentido das palavras, expressar, por escrito, suas ideias, nem realizar operações matemáticas mais elaboradas.
No Brasil, o índice de anafalbetismo funcional é medido entre as pessoas com mais de 20 anos, que ainda não completaram quatro anos de estudo formal. Lamentável a constatação de que apenas um em quatro brasileiros atinge o nível pleno, nas habilidades de leitura, escrita, realizar cálculos matemáticos mais elaborados e continuar aprendendo novos conhecimentos.
Mesmo em se ter reduzido, nos últimos dez anos, o analfabetismo absoluto e alfabetização rudimentar, primária, só 62% dos brasileiros, que têm curso superior e 35% dos que têm ensino médio completo estão classificados, no patamar dos plenamente alfabetizados.
Numa síntese, quase 40% dos brasileiros com diploma de nível superior não estão alfabetizados, portanto, não estão habilitados para o exercício da profissão desejada. Para o senador Cristóvam Buarque, "o Brasil optou pela quantidade a qualquer custo, daí a enorme quantidade de analfabetos funcionais com diploma. O nosso País deveria se esforçar em alfabetizar com qualidade". Alfabetizar mais crianças com melhor qualidade.
Essa é a questão: qualidade e não quantidade. Para cientistas da educacão, como resolver essa situação ? Mútiplos fatores se impõem, como imperativo : aumentar para nove anos o ensino fundamental, com foco na sua qualidade; melhoria nos cursos de formação dos docentes, remuneração adequada, capacitação continuada, envolvimento dos pais, no processo educativo dos filhos, mais investimento na qualidade da educação, enfim, incentivar os alunos à leitura, através das bibliotecas públicas, atividades que trabalhem com a inteligência, pensamento lógico e estratégias de premiação para as atividades privadas ou públicas, que atuam na educação. É complexo, certamente. Mas, é a única forma capaz de reverter esse quadro educacional brasileiro tão triste.

Estado de S.Paulo, 24/8/2012

Um comentário:

  1. O alfabetismo realmente é muito preocupante,para resolver essa situação na minha opinião deveria começar a incentivar a leitura,acho não so nas escolas ,mas coletiva

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