7 de outubro de 2012

Escolas repetentes


EDITORIAIS, Folha de S.Paulo, 7/10/2012
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À primeira vista, o resultado não é tão ruim. Das escolas que ficaram entre as piores do país, 85% conseguiram melhorar sua nota quatro anos depois. A situação fica um pouco mais sombria quando se analisam os detalhes.

Levantamento da Folha com base nos dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) mostra que, dos 2.620 colégios que estavam entre os 10% piores no nono ano do ensino fundamental (ou oitava série, pela regra antiga) em 2007, apenas 188 (7%) conseguiram se recuperar a ponto de alcançar a média nacional em 2011.
O contingente maior, formado por 2.053 escolas (78%), apresentou alguma melhora no Ideb. Mesmo assim, ainda aquém da média.
Vale lembrar que a média brasileira é fraca, como fica claro na comparação com outros países. No último Pisa, exame internacional padronizado de desempenho escolar, o país ficou em 57º lugar entre as 65 nações avaliadas em matemática. Em língua e ciência, os estudantes brasileiros ocupam a 53ª posição.
No Ideb, indicador que leva em conta tanto o desempenho de alunos em português e matemática quanto as taxas de repetência de cada instituição, 96 colégios (4%) permaneceram com a mesma nota e 283 (11%) chegaram ao cúmulo de obter resultados piores que os de quatro anos antes.
O levantamento revela sensível diferença de desempenho por Estado. Enquanto a Bahia, por exemplo, apresenta 96 colégios que pioraram e meros dez que se recuperaram e atingiram a média, Minas Gerais tem apenas cinco que regrediram, contra 42 que alcançaram a média. Outras Estados que se saíram bem foram Ceará, Piauí, Goiás e Mato Grosso.
Em situação negativa, além da Bahia, aparecem Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Paraíba, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Esse quadro sugere a existência de um problema de organização. Algumas secretarias conseguiram lidar com ele, e outras, infelizmente a maioria, não.
É crucial que o MEC investigue esses casos e, à luz de experiências concretas, aprimore suas iniciativas de recuperação escolar. Embora o número de escolas que recebem assistência especial do ministério esteja crescendo -passaram de 15 mil em 2011 para 32 mil hoje-, os números mostram que, no tocante aos estabelecimentos em pior situação, esses programas deixam muito a desejar.

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