22 de janeiro de 2013

Terapia compulsória será 'exceção', afirma coordenadora de saúde mental



DE SÃO PAULO, Folha de SP, 22/1/2013
Rosangela Elias, fonoaudióloga que coordena a área de saúde mental, álcool e drogas da Secretaria de Estado da Saúde, afirmou que casos de internação à força serão "a exceção da exceção".
"Na cracolândia, que tem 2.000 indivíduos, é possível imaginar em 20, 30 internações. É muito pouco", diz.
"A gente não sai pegando e levando para a clínica sem nenhum critério. Agora, um esquizofrênico que está na rua com agravamento por causa do consumo de drogas talvez necessite da internação", disse.
SUFICIENTE
Ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que há vagas suficientes na rede para o atendimento dos dependentes que quiserem se tratar e para os que forem internados à força. E que, se for preciso, haverá o complemento de mais vagas.
"Nós temos vagas. Se houver necessidade de mais vagas, nós contratamos. Nós não vamos nos omitir", afirmou o governador.
O Estado tem 691 vagas em hospitais da rede e contratadas em clínicas particulares para dependentes.
O governo não respondeu ontem quantas pessoas já passaram por essas vagas nem quantos viciados costumam ser internados por dia. Também não soube dizer quanto o Estado paga por cada uma dessas vagas.
Segundo o governo, em março, outros 80 leitos serão contratados em Botucatu (a 238 km de São Paulo) e mais 501 estarão prontos até 2014.


A FAVOR
Viciado debilitado precisa de ajuda, afirma Rafael Ilha
GIBA BERGAMIM JR.DE SÃO PAULO
O cantor Rafael Ilha, 39, ex-integrante do Polegar -grupo que fez sucesso nos anos 1980- disse que já foi internado compulsoriamente "várias vezes".
É a favor da medida, mas "em último caso, quando o dependente está muito debilitado".
Em 2000, ele teve de ser operado após burlar a segurança e engolir duas pilhas durante tratamento. Ele afirma que se livrou do vício quando foi internado contra sua vontade.
"Na minha última internação, fiquei um ano numa clínica. Foi assim que me recuperei", afirmou.
Atualmente, Ilha trabalha com a apresentadora Sônia Abraão. Ontem, fez uma reportagem sobre viciados na cracolândia.

CONTRA
'Não funcionou', diz homem que foi internado à força
DE SÃO PAULOO educador Adriano Camargo, 36, afirma ser um dependente em tratamento. Há cinco anos "limpo", diz que só deixou o crack após procurar ajuda sozinho.
"Já fui internado involuntariamente [a pedido de familiares] e compulsoriamente. Foram cinco vezes. A única que deu certo foi a última, quando fui por conta própria", afirma.
Segundo Camargo, um juiz o internou porque ele estava cometendo pequenos furtos. "Me livrei só quando fiquei num lugar que me mostrou que, antes do vício, eu tinha conflitos internos, familiares. Tratei disso e parei com o crack."


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