28 de setembro de 2013

Desigualdade e analfabetismo param de cair

Pesquisa do IBGE revela que, após uma década, rendimento de ricos subiu em ritmo superior ao de pobres em 2012
Taxa de analfabetos é mais alta entre idosos, mas teve redução entre jovens; crianças ficam mais tempo na escola
DO RIODE SÃO PAULODE BRASÍLIA, Folha de S.Paulo, 28/9/2013

A pesquisa anual que investiga as características socioeconômicas dos brasileiros detectou que a queda do analfabetismo e a desigualdade, conquistas marcantes nas últimas duas décadas, foi interrompida em 2012.
Segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), a melhora na distribuição de renda foi estancada porque a remuneração dos mais ricos cresceu num ritmo superior à dos mais pobres.
Alguns analistas interpretaram o dado como um sinal de que as políticas de transferência de renda estejam próximas do esgotamento, tese refutada pelo governo.
Também chamou a atenção a constatação de que a diferença entre os salários de homens e mulheres voltou a crescer no país.
O levantamento, feito pelo IBGE, também mostrou que a taxa de analfabetismo parou de cair após 15 anos.
Isso aconteceu principalmente entre os brasileiros com mais de 40 anos. O envelhecimento da população, segundo especialistas, deve tornar a redução dos analfabetos uma tarefa mais difícil.
A boa notícia é que essa taxa é cada vez mais baixa entre jovens. Outros dado positivo foi aumento dos anos de estudo desse mesmo grupo.
A Pnad também traz importantes revelações dos hábitos de consumo das famílias. A mais curiosa: já são maioria no país os domicílios que usam o celular como o único telefone de casa.
Outro destaque foi o aumento das famílias que possuem carro, num momento em que pega fogo o debate sobre o transporte público

ANÁLISE - DESIGUALDADE DE RENDA
Resultado pode significar o fim da 'década inclusiva'
Economia brasileira estagnou porque boom de consumo chegou ao fim
RAQUEL LANDIMDE SÃO PAULO
A desigualdade parou de diminuir no Brasil. É o que atesta a Pnad. A constatação é preocupante, mas previsível, porque a economia brasileira está praticamente estagnada.
O índice Gini em 2012 ficou no mesmo nível do de 2011. Esse indicador mede o nível de concentração de renda.
Isso aconteceu porque o rendimento médio dos 10% mais pobres do Brasil subiu 5,1%, enquanto o dos 1% mais ricos teve salto de 12,8%.
Esse resultado pode significar o fim da "década inclusiva", quando 23,4 milhões de pessoas saíram da pobreza graças a um crescimento de 91,2% dos salários dos 10% mais pobres entre 2001 e 2011.
Esse salto foi causado, principalmente, por fortes reajustes do salário mínimo, programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, e explosão do crédito. No fim do governo Lula, essa receituário garantiu crescimento de 7,5% ao ano e eleição da sucessora. Desde então o cenário mudou.
Se confirmada a previsão de aumento de 2% a 2,5% do PIB neste ano, o Brasil amargará crescimento médio de 2% nos três anos de Dilma --patamar medíocre para uma economia como a brasileira.
A economia estagnou porque o boom de consumo chegou ao fim. Não existe mais no país um contingente tão grande de pessoas para serem inseridas no mercado de trabalho e no acesso ao crédito.
E vale ressaltar que parcela significativa da nova classe média está fortemente endividada, tentando pagar o carro financiado. A bolha de inadimplência do setor automotivo, inflada pelos incentivos fiscais do próprio governo, ainda pesa na economia.
A única saída para o Brasil voltar a crescer com vigor é investir mais e melhorar a produtividade. Isso já é consenso até entre governo e oposição.
A dificuldade é pôr isso em prática. A atual gestão finalmente reconheceu a dificuldade crônica do setor público de tirar projetos do papel e partiu para um programa de concessões. Os técnicos de Dilma, porém, adotaram uma postura de confronto com o setor privado nas regras dos contratos, o que reduziu o interesse.
Tudo indica que o programa de concessões será menor do que o previsto e que os leilões atrasarão ainda mais. Os efeitos das concessões para os investimentos brasileiros, portanto, só devem começar a serem sentidos no fim de 2014.
Assim, não há sinais de que vamos sair desse "rame rame" de baixo crescimento em breve. É verdade que o país vive uma inédita situação de pleno emprego, mas não deveria se acomodar. Avançamos muito, mas ainda somos um dos países mais desiguais do mundo.

ANÁLISE
No Nordeste, alfabetização é comparável à taxa da Índia
RÚSSIA E CHINA TÊM ÍNDICES MELHORES DO QUE O BRASIL
SABINE RIGHETTIDE SÃO PAULOA taxa de população analfabeta com mais de 15 anos no Brasil (8,7%) é alta se comparada a países como EUA, Alemanha e Nova Zelândia, cujos índices giram em torno de 1% dos habitantes.
Nesses países, ficam fora da escola comunidades pobres, isoladas e nativos. Ou seja: não saber ler é exceção.
Rússia e China têm índices melhores do que o Brasil: em torno de 5% de analfabetismo segundo dados oficiais. Perdemos para a Índia: lá cerca de 25% da população acima de sete anos não sabe ler.
A taxa indiana de analfabetismo é encontrada por aqui também. No Nordeste brasileiro, quase 25% da população economicamente ativa masculina não sabe ler.
Trocando em miúdos, um em cada quatro homens com mais de 25 anos não escreve um bilhete, não pega ônibus sozinho e nem pode ler a receita de um medicamento.
De quem foi alfabetizado, poucos ficam na sala de aula. O IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), divulgado em julho, mostrou que só metade da população adulta do país concluiu o ensino fundamental.
Com essa trajetória, quem chega ao ensino superior em idade universitária (18 a 24 anos) é uma minoria: 14% da população. Em países ricos, a taxa gira em torno de 70%.
Os números mostram que programas de inclusão social no Brasil têm conseguido manter crianças na escola (a taxa de analfabetismo de 10 a 14 anos é de 1,9%), mas não atraiu a população jovem e adulta de volta às aulas.
Uma alternativa para melhorar esse quadro é incluir em programas como o Bolsa Família a exigência de que o chefe de família também esteja estudando. E, claro, ter boas escolas para a população jovem e adulta.

ANÁLISE
No Nordeste, alfabetização é comparável à taxa da Índia
RÚSSIA E CHINA TÊM ÍNDICES MELHORES DO QUE O BRASIL
SABINE RIGHETTIDE SÃO PAULOA taxa de população analfabeta com mais de 15 anos no Brasil (8,7%) é alta se comparada a países como EUA, Alemanha e Nova Zelândia, cujos índices giram em torno de 1% dos habitantes.
Nesses países, ficam fora da escola comunidades pobres, isoladas e nativos. Ou seja: não saber ler é exceção.
Rússia e China têm índices melhores do que o Brasil: em torno de 5% de analfabetismo segundo dados oficiais. Perdemos para a Índia: lá cerca de 25% da população acima de sete anos não sabe ler.
A taxa indiana de analfabetismo é encontrada por aqui também. No Nordeste brasileiro, quase 25% da população economicamente ativa masculina não sabe ler.
Trocando em miúdos, um em cada quatro homens com mais de 25 anos não escreve um bilhete, não pega ônibus sozinho e nem pode ler a receita de um medicamento.
De quem foi alfabetizado, poucos ficam na sala de aula. O IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), divulgado em julho, mostrou que só metade da população adulta do país concluiu o ensino fundamental.
Com essa trajetória, quem chega ao ensino superior em idade universitária (18 a 24 anos) é uma minoria: 14% da população. Em países ricos, a taxa gira em torno de 70%.
Os números mostram que programas de inclusão social no Brasil têm conseguido manter crianças na escola (a taxa de analfabetismo de 10 a 14 anos é de 1,9%), mas não atraiu a população jovem e adulta de volta às aulas.
Uma alternativa para melhorar esse quadro é incluir em programas como o Bolsa Família a exigência de que o chefe de família também esteja estudando. E, claro, ter boas escolas para a população jovem e adulta.

Diferença de renda entre sexos aumenta
Segundo a Pnad, mulheres ganhavam 73,7% da remuneração dos homens em 2011; em 2012, valor caiu para 72,9%
Ganho de ricos sobe mais que o de pobres; analistas apontam falhas no modelo de transferência de renda
MARIANA SALLOWICZPEDRO SOARESDO RIOApós quase uma década de melhora da distribuição de renda, a redução da desigualdade no país estagnou no ano passado e a distância da remuneração entre homens e mulheres aumentou.
O motivo para esse cenário na igualdade é que o rendimento dos mais ricos subiu num ritmo mais acelerado do que o dos mais pobres.
O retrato da Pnad evidencia, segundo analistas, o esgotamento do modelo de transferência de renda às famílias na base da pirâmide como forma reduzir a desigualdade, especialmente com o baixo crescimento econômico a partir de 2011.
O dado que sintetiza a maior concentração é o fato de a renda da faixa dos 1% mais ricos ter crescido 10,8%, numa velocidade superior à média (5,8%) e à dos 10% mais pobres (6,4%). O movimento foi mais marcante no Nordeste e no Sudeste.
Quem está no topo abocanhou 12,5% de toda a renda vinda do trabalho em 2012. Já os mais pobres, apenas 1,4%.
Sinal também de piora da desigualdade, a diferença entre o rendimento de homens e mulheres cresceu, apesar da maior inserção delas no mercado de trabalho. Elas ganhavam 73,7% da remuneração masculina em 2011. Passaram a ganhar 72,9%.
MAIS DESIGUALDADE
Para Márcio Salvato, professor do Ibmec, os resultados "deixam claro" que o crescimento da economia é "muito mais importante para incluir pessoas no mercado de trabalho" do que programas como o Bolsa Família --que têm relevância, mas promovem menor ascensão às classes médias do que o aumento do PIB e do emprego.
Sônia Rocha, economista do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Rendimento), diz que a "pior notícia e a maior novidade" da Pnad é o crescimento da renda dos mais ricos, que pode ter acontecido pela restrição da oferta de profissionais qualificados.
Ela diz que com a freada do rendimento e menor ritmo de emprego a desigualdade pode piorar neste ano.
Outro indicador medido, o índice de Gini do rendimento do trabalho, ficou estável: era 0,501 em 2011 e ficou em 0,498 em 2012. Quanto mais perto de zero, melhor é a distribuição de renda.
Para Maria Lúcia Vieira, gerente do IBGE, essa variação "aponta uma estabilidade do ponto de vista estatístico", apesar da pequena redução apresentada. Os demais indicadores, diz, confirmam a tendência da estabilização da queda da desigualdade.


ANÁLISE - DESIGUALDADE DE RENDA
Resultado pode significar o fim da 'década inclusiva'
Economia brasileira estagnou porque boom de consumo chegou ao fim
RAQUEL LANDIMDE SÃO PAULOA desigualdade parou de diminuir no Brasil. É o que atesta a Pnad. A constatação é preocupante, mas previsível, porque a economia brasileira está praticamente estagnada.
O índice Gini em 2012 ficou no mesmo nível do de 2011. Esse indicador mede o nível de concentração de renda.
Isso aconteceu porque o rendimento médio dos 10% mais pobres do Brasil subiu 5,1%, enquanto o dos 1% mais ricos teve salto de 12,8%.
Esse resultado pode significar o fim da "década inclusiva", quando 23,4 milhões de pessoas saíram da pobreza graças a um crescimento de 91,2% dos salários dos 10% mais pobres entre 2001 e 2011.
Esse salto foi causado, principalmente, por fortes reajustes do salário mínimo, programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, e explosão do crédito. No fim do governo Lula, essa receituário garantiu crescimento de 7,5% ao ano e eleição da sucessora. Desde então o cenário mudou.
Se confirmada a previsão de aumento de 2% a 2,5% do PIB neste ano, o Brasil amargará crescimento médio de 2% nos três anos de Dilma --patamar medíocre para uma economia como a brasileira.
A economia estagnou porque o boom de consumo chegou ao fim. Não existe mais no país um contingente tão grande de pessoas para serem inseridas no mercado de trabalho e no acesso ao crédito.
E vale ressaltar que parcela significativa da nova classe média está fortemente endividada, tentando pagar o carro financiado. A bolha de inadimplência do setor automotivo, inflada pelos incentivos fiscais do próprio governo, ainda pesa na economia.
A única saída para o Brasil voltar a crescer com vigor é investir mais e melhorar a produtividade. Isso já é consenso até entre governo e oposição.
A dificuldade é pôr isso em prática. A atual gestão finalmente reconheceu a dificuldade crônica do setor público de tirar projetos do papel e partiu para um programa de concessões. Os técnicos de Dilma, porém, adotaram uma postura de confronto com o setor privado nas regras dos contratos, o que reduziu o interesse.
Tudo indica que o programa de concessões será menor do que o previsto e que os leilões atrasarão ainda mais. Os efeitos das concessões para os investimentos brasileiros, portanto, só devem começar a serem sentidos no fim de 2014.
Assim, não há sinais de que vamos sair desse "rame rame" de baixo crescimento em breve. É verdade que o país vive uma inédita situação de pleno emprego, mas não deveria se acomodar. Avançamos muito, mas ainda somos um dos países mais desiguais do mundo.

Desigualdade não aumentou, afirma ministra
DE BRASÍLIADE CURITIBA
A ministra Tereza Campello (Desenvolvimento Social) disse que não é possível falar em aumento da desigualdade de renda.
"Não tem aumento da desigualdade no Brasil. A gente vinha tendo uma redução muito grande da desigualdade, teve agora uma desaceleração desse processo, mas a desigualdade continua caindo no país. Para 2013, vamos ter um salto maior", disse.
A ministra disse também que programas sociais que foram implementados no meio do ano passado, como o Brasil Carinhoso, tiveram um impacto subestimado, por se tratar de um retrato de 2012.
"De 2012 para 2013 acho que vamos ter surpresas importantes, que já são perceptíveis pelos últimos dados da Plano Nacional de Educação."
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, disse em Curitiba que a estagnação retrata um "equívoco" das políticas de transferência de renda do governo federal.
"O Bolsa Família é um ponto de partida. Para o PT, ele é um ponto de chegada", afirmou.


Taxa de analfabetismo para de cair e tem pequeno aumento no Brasil

Proporção de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever passou de 8,6% em 2011 para 8,7% em 2012, aponta Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)

27 de setembro de 2013 | 10h 00

Luciana Nunes Leal - O Estado de S. Paulo
RIO - Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgados nesta sexta-feira, 27, mostram que taxa de analfabetismo parou de cair e registrou pequeno aumento, entre 2011 e 2012. Desde que a Pnad passou a cobrir o País inteiro, em 2004, é a primeira vez que o índice ficou maior do que no ano anterior.

Na faixa dos 15 aos 19 anos, taxa ficou estagnada em 1,2% - Alex Silva/Estadão
Alex Silva/Estadão
Na faixa dos 15 aos 19 anos, taxa ficou estagnada em 1,2%
A proporção de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever passou de 8,6% em 2011 para 8,7% em 2012. Em número absolutos, representou um aumento de 297 mil analfabetos, de 12,866 milhões para 13,163 milhões.
Os técnicos do IBGE informaram que estão reavaliando o resultado e que não se pode falar em tendência de aumento do analfabetismo, que só acontecerá se o índice continuar a subir nos próximos anos. O dado mais surpreendente é que o analfabetismo subiu na faixa dos 40 aos 59 anos. Na faixa dos 15 aos 19 anos, ficou estagnada em 1,2%. Nas demais faixas etárias, houve ligeira queda no índice.
Os dados de analfabetismo são mais preocupantes no Nordeste, onde a taxa subiu meio ponto porcentual em um ano, passando de 16,9% para 17,4%. Enquanto a região tem 27% da população total de 15 anos ou mais de idade, entre os analfabetos nesta faixa etária, 54% estão no Nordeste. Ou seja, um em cada dois analfabetos do País é nordestino. No Centro-Oeste, a taxa de analfabetismo também teve aumento, oscilando de 6,3% para 6,7%.
Segundo os dados da Pnad 2012, os Estados de Tocantins, Paraíba, Pernambuco e Bahia tiveram os maiores aumentos nas taxas de analfabetismo. Alagoas é o Estado com o maior índice: um em cada cinco (21,8%) habitantes de 15 anos ou mais não sabe ler nem escrever. A taxa é a mesma registrada pela Pnad 2011.
Os melhores resultados estão na região Sul, que reduziu a taxa de analfabetismo de 4,9% para 4,4% e agora é a região com menor índice, superando o Sudeste, que mantém os 4,8% de analfabetos de 2011. Santa Catarina é o Estado com a menor taxa de analfabetismo do País, com 3,1%.
Entre 2011 e 2012, houve redução significativa na proporção dos analfabetos funcionais, passando de 20,4% para 18,3%, mas 27,8 milhões de pessoas de 15 anos ou mais de idade têm menos de quatro anos de estudos.

Pnad 2012 indica alta em desigualdade de renda no NE

VINICIUS NEDER
Agência Estado
Se a queda na desigualdade de renda do País desacelerou em 2012, no Nordeste, houve concentração. O Nordeste foi a única região onde o Índice Gini (quanto mais perto de 1, maior a concentração de renda) do rendimento do trabalho piorou, subindo para 0,529 em 2012, ante 0,520 em 2011. As informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada nesta sexta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)



Em 2012, a renda real do trabalho do 1% mais ricos no Nordeste foi 154 vezes superior à dos 10% mais pobres, um salto ante as 130 vezes de 2011. Maranhão e Piauí têm os piores Índices Gini do País, com 0,633 e 0,568, respectivamente.



"O Índice Gini do Nordeste tinha caído muito. Agora, apresentou esse aumento", diz Maria Lucia Vieira, gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, creditando o movimento ao crescimento da renda no topo da pirâmide social.



Na média, o rendimento real mensal do trabalho cresceu mais no Nordeste do que no País como um todo, com alta de 8,1%, para R$ 1.044,00, mas ainda muito abaixo da média nacional.



No entanto, a discrepância de ritmos entre base e topo da pirâmide social no avanço dos rendimentos foi ainda maior que no plano nacional: entre os nordestinos, o rendimento médio real dos 10% mais pobres ficou em R$ 107,00, alta de só 1,9%, enquanto para os 1% mais ricos foi de R$ 16.481,00, avanço de 20,7%.



Quando se considera o Índice Gini do rendimento de todas as fontes (não só do trabalho), houve piora, além do Nordeste, na Região Sudeste. Norte e Centro-Oeste melhoraram, enquanto no Sul não houve alteração significativa. Por essa ótica do Gini, o indicador nacional caiu muito pouco, de 0,501 para 0,500.



Ipea: freio na queda da desigualdade não veio para ficar

VINICIUS NEDER
Agência Estado
Pela ótica dos brasileiros, a economia real está com crescimento chinês. A afirmação é do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Neri. O economista estima que a freada na queda da desigualdade de renda, apontada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2012), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não é uma tendência que veio para ficar.



"Apesar do pibinho, a renda média acelerou", disse Neri, em entrevista coletiva, no Rio, para comentar os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, apresentada nesta sexta-feira, 27, pelo IBGE. "O Brasil dos economistas está muito pior do que o Brasil dos brasileiros, reportado pela Pnad", completou.



Segundo os dados trabalhados por Neri, de 2003 a 2011, o crescimento da renda domiciliar per capita, vista na Pnad, foi de 40,5%, enquanto o PIB per capita avançou 27,7%. O quadro se agravou em 2012: o Ipea calcula em 8% a alta do rendimento domiciliar per capita. Neri destacou que o PIB per capta cresceu apenas 0,1% em 2012.



Neri citou ainda dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), também do IBGE, para mostrar que a tendência de desaceleração na queda da desigualdade se dissipou em 2013. "A saga da queda da desigualdade continua."



Cálculos do Ipea mostram que, em julho 2013, o Índice Gini do rendimento do trabalho estava em 0,547 (quanto mais perto de 1, mais concentrada é a renda), ante 0,561, em março de 2012. Embora os dados da PME e da Pnad não sejam comparáveis, a tendência da primeira costuma se confirmar na segunda, segundo Neri.




Exploração do trabalho infantil cai 4,2% no País em 2012

Pesquisa do IBGE mostra, porém, que taxa não recuou em todas as regiões e idades e, em alguns casos, aumentou

27 de setembro de 2013 | 10h 25

Wilson Tosta - O Estado de S. Paulo
RIO - A PNAD encontrou 3,518 milhões de jovens de 5 a 17 anos que trabalhavam em 2012 no Brasil, uma redução de 156 mil pessoas (4,2%) em relação a 2011. Mas o indicador não recuou em todas as regiões e idades. Embora avalie que a redução não foi estatisticamente relevante, o IBGE apontou queda do trabalho infantil nas faixas até 15 anos. O instituto apurou que, em relação ao ano anterior, havia mais 82 mil trabalhadores de 16 e 17 anos.

A diminuição ocorreu basicamente entre homens só 1,28% da retração foi de mulheres, mas no Centro-Oeste e no Sudeste a pesquisa encontrou 8 mil crianças de 5 a 9 anos trabalhando a mais que em 2011. Em três Estados ricos - São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul -,o número de integrantes desse grupo etário que trabalhava ficou estável em 2012 ante 2011.
O trabalho infantil teve redução, mas ela não é estatisticamente significativa", disse a presidente do IBGE, Wasmália Bivar. "A gente tem de esperar o próximo ano para que esta tendência se confirme ou se altere. No caso da população infantil, é preciso considerar que uma pesquisa por amostragem apresenta restrições na medida em que é cada vez menor."
O número de 2012 foi mais modesto do que o de anos anteriores e pode ter indicado um decréscimo no ritmo da redução do trabalho infantil no País. Em 2008, apontou a PNAD, havia 4,452 milhões de pessoas de 5 a 17 anos que trabalhavam _menos 367 mil (7,61%) que em 2007, quando eram 4,819 milhões.
Já em 2009 a pesquisa apontou redução de 202 mil da mesma faixa, recuo anual de 4,53%. Naquele ano, havia 4,250 milhões de jovens trabalhando. Em 2010, como houve censo, a pesquisa não foi feita, impossibilitando comparação direta com 2011. Para 2012, o relatório da PNAD assinala: "Mantendo a tendência de queda observada em anos anteriores, o nível da ocupação das pessoas de 5 a 17 anos de idade (...) foi de 8,3% em 2012, frente a 8,6% em 2011 e 9,8% em 2009".
No Brasil, o trabalho é ilegal até os 13 anos. Essa é a faixa em que as crianças não podem trabalhar, em nenhuma hipótese. Aos 14 e 15 anos, a legislação permite que tenham emprego, mas a atividade deve ser ligada ao aprendizado de uma profissão. A lei permite que os jovens com 16 ou 17 anos trabalhem, desde que não seja em atividade noturna, perigosa ou insalubre.
Por grupo de idade, a maior redução no trabalho infantil no Brasil ocorreu na faixa de 10 a 13 anos - de 615 mil para 473 mil, menos 142 mil trabalhadores mirins (23% de queda). A segunda maior diminuição aconteceu entre jovens com 14 ou 15 anos, de 963 mil para 875 mil, menos 88 mil pessoas, redução de 9,13%. Entre os meninos e meninas de 5 a 9 anos, a queda foi ligeiramente menor, 9% - de 89 mil para 81 mil, ou seja, 8 mil a menos.
Para a gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Maria Lucia Vieira, a queda no trabalho infantil só foi significativa na faixa de 10 a 13 anos. "A redução de 10 a 13 é significativa. Pode ser muito em função dos programas de combate ao trabalho infantil e do incentivo à escolarização. Mas o porcentual de 5 a 9 é muito pequenininho."
O recuo nacional do trabalho infantil foi, na maior parte, masculino, com 154 mil homens trabalhando a menos (a contagem caiu de 2,442 milhões em 2011 para 2,288 em 2012). Entre as mulheres, a diminuição foi muito menor, de 1,232 milhão para 1,1230 milhão, só 2 mil.
Apenas na Região Norte ocorreu queda no trabalho infantil em todas as faixas etárias. O indicador geral recuou 11,86%, 58 mil pessoas a menos. No Amazonas, houve a maior redução por Estado na faixa de 5 a 9 anos, menos 10 mil crianças no trabalho, caindo de 14 mil para 4 mil (recuo de 71,4).
O Centro-Oeste foi a região em que o trabalho infantil mais cresceu de 2011 para 2012: 34 mil trabalhadores, aumento de 14,71%, de 231 mil para 265mil. Também foi lá que o indicador cresceu em mais faixas etárias. Apenas no grupo de 10 a 13 anos houve redução, e, mesmo assim, de apenas mil pessoas, 4,34%, de 23 mil para 22 mil. Entre os jovens de 5 a 9 anos, houve salto de 400%, de mil para 5 mil crianças trabalhando. Na faixa de 14 a 15 anos, houve aumento de 12,9% (de 62 mil para 70 mil) e, na de 16 a 17 anos, 15,86% (de 145 mil para 168 mil, expansão de 23 mil).
No Nordeste, onde o número global apontou queda de 9,26% (de 1,284 milhão para R$ 1,165 milhão), o indicador recuou na faixa de 5 a 15 anos, mas subiu o número na de 16 a 17 anos _mais 25 mil, aumento de 4,29%, de 582 mil para 607 mil. No exame por Estado da região, no grupo de 5 a 9 anos, houve crescimento na Paraíba e Sergipe, queda no Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Alagoas e Bahia e estabilidade do Rio Grande do Norte.
A pesquisa descobriu que Minas Gerais foi o Estado com o maior crescimento no trabalho infantil de 5 a 9 anos, de 8 mil para 12 mil (aumento de 50).
Nos demais Estados do Sudeste, o fenômeno não se repetiu em relação à mesma faixa de idade. No Espírito Santo, o número para o grupo de trabalhadores mais jovens recuou de 2 mil para mil pessoas; no Rio, não houve registro de trabalho infantil na faixa (o que não quer dizer que não exista, mas que a amostra da pesquisa, por seu tamanho, não conseguiu captá-lo, por ser muito pequeno). Já São Paulo, ficou em 2012 com o mesmo número de 2011: 3 mil.
No Sul, houve recuo no número total de 592 mil para 570 mil (3,71%), com aumento para os grupos de 5 a 9 anos (6 mil para 8 mil, mais 33%) e 16 a 17 anos (de 372 mil para 373 mil).
A pesquisa constatou que 97% dos meninos e meninas de 5 a 13 anos que trabalhavam em 2012 também estavam matriculados em escolas. O levantamento apurou que, nesse grupo, 68,6% dos trabalhadores eram do sexo masculino; seu rendimento médio mensal era R$ 161,19; e sua média semanal de horas de trabalho era 15,7. Um em cada quatro (25%) trabalhava na produção para o próprio consumo ou em construção para o próprio uso; 46,7% deles não eram remunerados; e 60,2% trabalhavam no campo.

BRASÍLIA — O programa Brasil Alfabetizado, do Ministério da Educação (MEC) — criado em 2003 com a meta de erradicar o analfabetismo — consumiu investimentos bilionários e foi reformulado, mas continua longe de resolver o problema. Dez anos depois de lançado, o programa já atendeu um número de alunos equivalente ao total de jovens e adultos iletrados de uma década atrás. Afora os problemas de aprendizagem e evasão, o Brasil Alfabetizado tropeça na falta de dados sobre o que efetivamente foi feito. Os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE apontam que a taxa de analfabetismo ficou praticamente estável em 2012 — variou de 8,6% em 2011 para 8,7% no ano passado —, colocando em xeque as ações do governo.



Um balanço divulgado pelo MEC em janeiro de 2012 dizia que 13 milhões de pessoas já teriam sido atendidas. Depois disso, mais cerca de dois milhões teriam sido matriculadas, totalizando 15 milhões. Esse número corresponde ao total de jovens e adultos analfabetos em 2004. Nesta sexta-feira, o MEC não informou o total de alunos atendidos desde a criação do programa.
Em nota, o ministério divulgou apenas o dado referente ao período de 2008 a 2012, quando 6,7 milhões de pessoas teriam frequentado o curso, ao custo de R$ 1,4 bilhão. Ao ser lançado, o programa repassava dinheiro a organizações não-governamentais, o que foi suspenso após a constatação de desvios de recursos. Hoje, o MEC só fecha parcerias com governos municipais e estaduais.
Outra dificuldade é a falta de uma avaliação nacional que mostre quem efetivamente aprendeu a ler e escrever no programa. A avaliação fica a cargo das prefeituras e dos governos estaduais, que informam quantos alunos frequentaram as aulas e quantos teriam sido alfabetizados.
A secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, Macaé Maria Evaristo dos Santos, afirmou que a taxa de analfabetismo, conforme a Pnad, cresceu apenas na faixa da população de 40 a 59 anos, tendo caído entre os jovens de 15 a 39 e entre os idosos com mais de 60. Ela admitiu rever pontos do programa, embora tenha ressalvado que, primeiro, será preciso analisar a Pnad minuciosamente:
— Com certeza, temos que repensar. Mas a gente tem que aprofundar a análise. Quando a gente olha esses dados, é um pouco estranho que tenha redução em todas as faixas de idade, menos no corte de 40 a 59 anos. Precisamos entender isso — disse Macaé.
Falta motivação
Segundo ela, um dos caminhos poderá ser a focalização de ações, com esforços dirigidos à população de 40 a 59 anos. Os cursos do Brasil Alfabetizado duram de seis a oito meses. Para o MEC, o desafio é garantir que o público atendido continue estudando em turmas de educação de jovens e adultos, o antigo supletivo. Do contrário, correm o risco de esquecer o que aprenderam.
O presidente da ONG Instituto Alfa e Beto, João Batista de Oliveira, diz que o maior obstáculo é a falta de motivação dos adultos analfabetos. Segundo ele, essas pessoas desenvolveram estratégias para sobreviver sem saber ler:
— Não vai fazer diferença nenhuma para elas no mercado de trabalho — disse João Batista.
O coordenador da unidade de educação de jovens e adultos da ONG Ação Educativa, Roberto Catelli, disse que os números da Pnad reforçam a necessidade de o governo reavaliar o programa. Ele destacou que, além de não ter uma avaliação efetiva dos resultados, a política pública precisa de uma integração maior com as redes públicas de ensino:
— Só 3% dos alunos que saem do programa de alfabetização vão para a escola. Isso é tão ruim quanto não alfabetizar — disse o coordenador.


Taxa de analfabetismo teve ligeira alta de 8,6% para 8,7% em 2012

  • Resultado foi influenciado por alta registrada entre homens nas regiões Nordeste e Centro-Oeste
CLARICE SPITZ
CÁSSIA ALMEIDA
MARCELLO CORRÊA
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RIO - A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) revela que a taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais ficou praticamente estável em 2012. Ela ficou em 8,7%, ante 8,6%, em 2011. Em 2004, tinha sido de 11,5%. Houve um acréscimo de cerca de 300 mil pessoas no contingente dos analfabetos, que totalizou 13,2 milhões de brasileiros.


Renda do 1% mais rico cresce mais que a dos mais pobres, e desigualdade para de cair

  • Rendimento da parcela de 1% dos trabalhadores que ganham mais subiu 10,8%, de R$ 17.048 para R$ 18.889. Nenhuma outra faixa de renda chegou perto desse valor
  • Número de pessoas trabalhando subiu 1,6%, o que significa mais 1,4 milhão de ocupados
  • Desemprego caiu ao menor nível desde 2001 e rendimento foi o mais alto desde 2004
CÁSSIA ALMEIDA(EMAIL)
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RIO - A melhora do mercado de trabalho, com escassez de mão de obra qualificada pode ter feito parar a melhoria na distribuição de renda. O índice de Gini, que mede a concentração de renda, caiu muito pouco no mundo do trabalho: passou de 0,501 para 0,498, a primeira vez que fica abaixo de 0,5 (quanto mais próximo de zero, melhor a distribuição de renda no país), de acordo com os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE.
No rendimento domiciliar, esse mesmo indicador pouco variou: foi de 0,501 em 2011 e em 2012, chegou a 0,500. Uma das explicações pode estar no aumento expressivo do rendimento dos trabalhadores que estão na faixa do 1% que ganham mais que subiu 10,8%, passando de R$ 17.048 para R$ 18.889.
Entre as faixas de renda, foi a maior alta. Nenhuma outra conseguiu chegar perto desse valor. A segunda maior alta foi na faixa do salário mínimo, que subiu de R$ 576 para R$ 622. No Nordeste, o Índice de Gini voltou a subir. Passou de 0,520 para 0,529. De 2005 para 2006, isso já tinha acontecido


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