27 de setembro de 2013

RICARDO ESPARTA O que você faria?, aquecimento global


Apesar dos riscos, a maioria dos políticos decidiu esperar um diagnóstico definitivo para adotar medidas contra o aquecimento global
Você começa a apresentar sintomas de uma doença potencialmente grave, para a qual não existe um diagnóstico inequívoco.
Dos médicos que pesquisam a suposta enfermidade, 97% concordam que é muito provável que você esteja mesmo sofrendo dela e prescrevem um tratamento.
O tratamento não é barato, limitará sua qualidade de vida enquanto durar e, ainda que com presumíveis resultados positivos, não oferece garantia de sucesso.
Se, no entanto, os médicos estiverem certos e o tratamento funcionar, você terá uma sobrevida suficiente para ver os seus filhos crescerem e para apoiá-los até que eles possam se tornar independentes.
Por outro lado, 3% dos especialistas alertam para as incertezas tanto do diagnóstico da doença como para dos resultados da terapia indicada. Apesar dos riscos, dizem que o melhor é não fazer nada e esperar o avanço da ciência para então tomar alguma decisão. O que você faria?
Já há algumas décadas, observa-se que o clima global está mudando de forma acelerada e que essa mudança pode ter impactos negativos graves sobre a vida humana.
Mas não é possível confirmar de maneira inequívoca que a causa disso seja antrópica, isto é, advinda da ação do homem. Dos cientistas que estudam o tema, 97% concordam que a maior parte do aquecimento global observado nas últimas décadas seja, muito provavelmente, causada pelo homem.
Para resolver o problema, prescrevem a redução de emissões de gases formadores do efeito estufa (GEE): por exemplo, o gás carbônico da queima de combustíveis fósseis como petróleo e carvão.
Contudo, como temos hoje uma alta dependência de combustíveis fósseis, sua substituição poderá custar caro e limitará a qualidade de vida de parte da população por um longo período. E ainda, mesmo havendo ampla confiança na necessidade de se adotar tal medida, seu sucesso não é garantido. Porém, se os cientistas estiverem certos, o câmbio da base energética permitirá às gerações futuras viver em um ambiente mais equilibrado e menos exposto a catástrofes climáticas.
Por outro lado, 3% dos cientistas do clima chamam a sua atenção para incertezas tanto do diagnóstico como para dos resultados de uma redução de emissões de GEE. Apesar dos riscos, dizem que é melhor não fazer nada e esperar o avanço da ciência para então tomar alguma decisão. O que você faria?
Não existe uma solução indiscutível em nenhum dos cenários. Além disso, há também uma parcialidade ligada aos interesses de parte a parte. A ciência acerta muitas vezes, mas, mesmo sendo rigorosa, não é infalível. Por isso a verdadeira ciência não pode dar certezas, só apresentar o que os melhores estudos e trabalhos disponíveis indicam como o mais provável e o mais recomendável. A decisão final em aceitar ou não essa recomendação é nossa. E a responsabilidade sobre essa decisão também.
Voltando à analogia entre as hipóteses de um indivíduo acometido por uma enfermidade e da mudança global do clima causada pelo homem, eu sei qual decisão tomaria nos dois casos. Não sei como você agiria, mas sei que a maioria dos políticos que nos representam (em todo mundo) decidiu esperar.

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