16 de janeiro de 2014

Apartheid no shopping (rolezinhos)


A ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros (PT), acusa a polícia e os frequentadores de shoppings de discriminar jovens negros nos "rolezinhos". "As manifestações são pacíficas. Os problemas são derivados da reação de pessoas brancas que frequentam esses lugares e se assustam com a presença dos jovens." Para ela, a liminar que autorizou os shoppings a barrar clientes "consagra a segregação racial" e dá respaldo ao que a PM "faz cotidianamente": associar negros ao crime.
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Incômodo A ministra diz que parte da elite brasileira se incomoda ao encontrar jovens negros no shopping. "Uma parcela da sociedade não quer a presença deles em determinados lugares."
Conselheira Luiza Bairros integrou o grupo seleto de três ministros convocados para aconselhar Dilma Rousseff sobre os "rolês" na terça-feira. Também participaram José Eduardo Cardozo (Justiça) e Marta Suplicy (Cultura).
Abusados O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP), diz que shopping não é lugar de manifestação. "Esse negócio de rolezinho' é um abuso. Precisamos ter civilidade nas relações, ou a vida fica insuportável."
Cavalões "Levei meus netos ao Morumbi Shopping domingo", conta o senador. "Imagine como eu e outros avós reagiríamos caso um bando de cavalões cismasse em dar um rolê' por lá."
Bárbaros O tucano se diz incomodado com o tom do debate sobre o fenômeno. "Ir ao shopping barbarizar não é um ato de esquerda. Tem gente saudosa de uma revolução que não fez e não fará."
Pagantes Para o líder do PSDB, a defesa dos "rolês" é causa de "bacaninhas e politicamente corretos". Ele acrescenta que os lojistas "pagam caro" pelo ponto e podem ser prejudicados durante a correria dos jovens.
Doutrina O governo paulista recomendou que a PM evite "excessos", mas autorizou que siga a doutrina que prevê o "uso progressivo da força" para conter tumultos.
Efeito moral Na prática, isso significa que não está descartado o uso de bombas de efeito moral em áreas externas de centros comerciais.
Elite branca O ex-governador Cláudio Lembo (PSD) critica a reação aos "rolês". "Isso não é problema de polícia. Os jovens não estão fazendo nada de errado", diz.
Constituição Lembo afirma que o shopping é um espaço de acesso público e que sua administração não pode escolher quem entra. "Está na Constituição."
Beijoqueiros O ex-governador se divertiu ontem com o jovem que disse à Folha ter beijado 16 meninas num "rolê". "Isso passa. E os jovens vão continuar a ir ao shopping para beijar."
Folha de S.Paulo, 16/1/2014


Gilberto Carvalho critica liminares de shoppings e repressão policial a 'rolezinhos'

Ministro disse que os 'conservadores deste país' têm de se conformar com o fato de os direitos agora serem iguais para todos

16 de janeiro de 2014 | 14h 44
Fabio Guibu - Especial para o Estado
RECIFE - O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, defendeu a convivência dos lojistas de shoppings com os "rolezinhos", disse que os "conservadores deste país" têm de se conformar com o fato de os direitos agora serem iguais para todos e criticou a concessão de liminares para conter os movimentos. "Acho que é possível que se possa conviver, porque são por algumas horas durante uma semana, também não é nenhum fim de mundo", declarou o ministro no Recife. Ele também criticou a repressão policial que "mais uma vez" botou "gasolina no fogo".

Ministro criticou a repressão policial sobre os chamados rolezinhos - Tiago Queiroz/Estadão
Tiago Queiroz/Estadão
Ministro criticou a repressão policial sobre os chamados rolezinhos


SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse nesta quinta-feira que o rolezinho não é um problema de polícia, a não ser quando houver roubo ou depredação. Alckmin afirmou que o rolezinho, como passeio, é “bom” e é uma “atividade cultural”.
— O rolé, o passeio, a volta, isso é bom. É uma atividade cultural. Não é problema de polícia. O que é problema de polícia é se há depredação, roubo. Aí é diferente — disse Alckmin, no lançamento de um projeto de educação em uma escola em Pinheiros, na zona oeste da capital paulista.
Para o governador, a polícia deve ajudar os shoppings caso seja necessário auxiliar a proteger a população.
— A parte interna dos shoppings é segurança privada e a parte externa é da polícia. Mas, se houver necessidade, a polícia é parceira para proteger a população — afirmou o governador.
Alckmin lembrou seus tempos de juventude, quando dava um rolé na praça.
— Eu me lembro do meu tempo de jovem em Pindamonhangaba, dava um rolé na praça. Hoje é no shoppíng — disse.



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