28 de março de 2014

Prefeitura precisa manter política educacional


  • A secretária Cláudia Costin deixa o cargo, mas, além de vários programas de melhoria do ensino, já existe um sentido estratégico na área, e que tem de ser preservado
EDITORIAL
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Confirmada a saída de Cláudia Costin da Secretaria de Educação do município, o prefeito Eduardo Paes e o sucessor da secretária têm como tarefa primordial preservar o trabalho que vem sendo executado desde 2009, e aprofundá-lo. A vantagem é que já existe um sentido estratégico na política educacional carioca. Mas crescem as resistências de ordem corporativa-sindical à modernização das escolas públicas da cidade.
Economista, ministra de Administração Pública e Reforma do Estado no segundo governo de FH, Costin deixou a Secretaria de Cultura do município de São Paulo para atender ao convite de Eduardo Paes, em seu primeiro mandato. Encontrou um cenário de terra arrasada. À época, vigorava um sistema pelo qual alunos não eram reprovados, mas também não recebiam qualquer reforço nos estudos para que pudessem, à frente, mudar de ciclo, com o domínio da matérias.
Era a tal da “aprovação automática”, cujo resultado, dramático, foi, num total de 700 mil alunos, permitir a existência, em 2009, de 28 mil analfabetos funcionais.
Costin procurou, então, fundações privadas a fim de capacitar professores para realfabetizar os estudantes. Depois de dois meses, 50% já liam sem dificuldade. A história dá ideia da precariedade em que se encontrava o ensino público no Rio, refletido em baixas avaliações no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
Entre outras ações, a Secretaria começou a ampliar o número de escolas de turno único — com meta já estabelecida em lei —, e passou a dar prioridade a Matemática, Português e Ciências, sem esquecer o Inglês, cada vez mais imprescindível.
Havia, ainda, um déficit de 5.550 professores — para um contingente ativo de 35 mil. Num primeiro momento, o problema foi atacado, com a convocação de professores aposentados, dos quais pouco mais de mil atenderam ao chamado.
Cláudia Costin costuma dizer que nada se faz na Educação sem a adesão do professorado. Aqui há um obstáculo — mazela não apenas carioca, nem brasileira, pois existe também em outras cidades, estados e países —, representado pela resistência corporativa-sindical às mudanças. No Rio — e também não apenas aqui —, existe cerrada oposição a políticas de meritocracia, que premiem o bom professor e deem condições de aprimoramento profissional a todos. Funciona na prefeitura um desses sistemas, de bônus relacionado ao alcance de metas, algo essencial para a melhoria do ensino.
Parte da motivação da última greve teria sido a ojeriza a mudanças como esta por parte do sindicato da categoria. O futuro secretário, como várias outros pelo Brasil afora, vai se deparar com a mesma questão. Nada a fazer, a não ser enfrentar as resistências. No caso do Rio, sem qualquer recuo na política que vem sendo aplicada.


em http://oglobo.globo.com/opiniao/prefeitura-precisa-manter-politica-educacional-12010092#ixzz2xHMpBWk6 

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