28 de maio de 2014

USP perde posto de melhor da América Latina para universidade chilena


A primeira posição ficou com a Pontifícia Universidade Católica do Chile

A USP perdeu o posto de melhor universidade da América Latina no ranking universitário da consultoria britânica QS. A primeira posição ficou com a Pontifícia Universidade Católica do Chile.

Essa foi a primeira vez que a USP não lidera as instituições de ensino superior da região latino-americana na listagem universitária do QS, feita na região desde 2011.

De acordo com Simona Bizzozero, uma das diretoras do QS, a USP perdeu lugar porque a Pontifícia Universidade Católica implementou uma "série de melhorias".

"O resultado não significa que a USP tenha se deteriorado. A pontuação dela é quase igual à do ano anterior", disse Bizzozero à Folha.

Entre as melhorias da escola chilena, destaca Bizzozero, está uma melhor proporção entre a quantidade de estudantes por professor. "Já a USP ficou estabilizada."

Esse indicador vale 10% da nota recebida por cada universidade. A USP não comentou o resultado do ranking QS.

MENOS IMPACTO
Mas não é só na proporção de docentes e alunos que a USP perde para a universidade "concorrente" do Chile.

De acordo com análise do especialista em indicadores científicos Rogério Meneghini, a Pontifícia Universidade Católica do Chile tem cerca de metade de sua produção científica feita em colaboração internacional.

Já a USP tem de 25% a 30% dos trabalhos acadêmicos em colaboração com cientistas estrangeiros.

Isso significa que a pesquisa feita na USP terá menos impacto internacionalmente (será menos lida e menos citada por outros cientistas) do a que está sendo produzido na escola chilena.

A notícia é ruim para a USP, mas não significa que o ensino superior no Brasil esteja pior de maneira generalizada.

Ao contrário: neste ano, o Brasil tem seis universidades entre as dez melhores universidades da América Latina -o dobro da avaliação anterior feita pelo QS.

A Unicamp e a federal do Rio de Janeiro permanecem no topo da lista, junto com as novatas Unesp e as universidades federais de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul.

MAIS QUEDA
No ano passado, a USP já havia perdido pelo menos 68 casas no ranking universitário internacional THE (Times Higher Education), que é concorrente do grupo QS.

A universidade -única do Brasil que figurava entre as 200 melhores do mundo na listagem- passou de 158º lugar em 2012 para o grupo de 226º a 250º lugar.

Nesse caso, o motivo apontado para a queda foi a falta de inglês na sala de aula. Países como Holanda, Alemanha e França, por exemplo, oferecem aulas em inglês e têm universidades entre as cem melhores do mundo.

Recentemente, a USP foi abalada por uma crise financeira.

A universidade gasta 103% do seu orçamento apenas com salários. Em março, a universidade teve as suas contas reprovadas no TCE (Tribunal de Contas do Estado) por irregularidades.

A USP não autorizou o aumento de salários de docentes e de funcionários, o que resultou em uma greve que teve início oficialmente nesta terça-feira (27).

(Folha de São Paulo)

Outras matérias sobre o assunto:

O Globo
USP perde liderança entre melhores universidades da América Latina

O Estado de São Paulo
USP perde liderança em ranking das melhores da América Latina
http://www.estadao.com.br/noticias/vida,usp-perde-lideranca-em-ranking-das-melhores-da-america-latina,1172361,0.htm

PUC do Chile tem inglês obrigatório
DE SÃO PAULOCriada em 1888, meio século antes da USP, a PUC do Chile tem uma prova de proficiência de inglês obrigatória aos novos alunos.
"Quem vai mal tem de fazer aulas obrigatórias", disse à Folha a porta-voz da universidade, Ana María Bolumburu.
O resultado é que cerca de metade dos artigos científicos produzidos na escola chilena são em colaboração internacional.
Já a USP tem de 25% a 30% dos trabalhos acadêmicos feitos com estrangeiros. Os dados são de um levantamento do especialista em indicadores científicos Rogério Meneghini, feito a pedido da Folha.
Isso significa que os trabalhos da USP terão menos impacto internacional do que os produzidos na instituição chilena.
Ainda segundo Meneghini, a PUC do Chile tem se esforçado para repatriar bons professores chilenos que estavam em países como Estados Unidos e para melhorar o corpo docente.
Para Simona Bizzozero, uma das diretoras do QS, a instituição chilena implantou melhorias desde o ano passado, por exemplo investindo na presença na internet, indicador que vale 10% da nota.
Estudantes têm que pagar entre US$ 5.000 e US$ 10 mil (o curso todo) para estudar ali.
Apesar de ter sido colocada como a melhor da América Latina, a PUC do Chile não fica em primeiro em um ranking do país.
Na lista da "Revista América Economia", equivalente ao RUF (Ranking UniversitárioFolha), a Universidade do Chile lidera, à frente da PUC.

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