23 de dezembro de 2014

Rede pública avança na elite do Enem pela 1ª vez em quatro anos

Na prova de 2013, 7,3% dos colégios entre os 10% mais bem colocados do país pertenciam ao sistema público

Em 2012, públicas eram 6,6% das melhores; para especialista, isso não significa avanço do ensino oferecido
DE SÃO PAULODE BRASÍLIAA presença de escolas públicas entre as melhores do Brasil na prova do Enem avançou pela primeira vez desde 2009. A melhora, entretanto, foi tímida --menos de um ponto percentual.
Dados do Ministério da Educação tabulados pela Folha mostram que, em 2013, 7,3% dos colégios entre os 10% mais bem colocados no exame eram públicos. Em números absolutos, foram 107 instituições, entre as 1.472 que ficaram na elite do país.
No ano anterior, eram 6,6% públicas entre as melhores.
Essa participação caía desde 2009, quando o Enem foi ampliado e passou a funcionar na prática como vestibular para selecionar calouros das universidades federais.
Apesar do avanço, a melhor escola pública aparece só na 12º posição do ranking: o colégio de aplicação da UFV (Universidade Federal de Viçosa), em Minas, que seleciona seus alunos. No último Enem, quando também foi o melhor público, estava em 7º.
O ranking é liderado pelo Objetivo Integrado, colégio particular da capital paulista no topo da avaliação nacional pelo quinto ano seguido.
Para calcular as médias das escolas, a Folha considerou as quatro provas objetivas do Enem --linguagem, matemática, ciências humanas e da natureza.
Ao todo, 14.715 escolas compõem o ranking. Só foram divulgadas as notas de instituições com mais de dez alunos no 3º ano do ensino médio e onde mais da metade deles fez a prova.
Neste ano, pela primeira vez o governo divulgou o nível socioeconômico de cada escola, com base em questionário respondido pelos alunos e que considera itens como escolaridade dos pais, posse de bens e renda familiar.
Outra novidade foi a publicação de um indicador sobre a formação do corpo docente de cada escola. Os dados mostram que as melhores escolas têm mais professores com formação específica para a disciplina que lecionam.
Também foi divulgada pela primeira vez a média das notas do grupo de 30 melhores alunos de cada escola.
Para o Inep (órgão do MEC que aplica o Enem), as novas informações ajudam a contextualizar os resultados.
"O país é desigual. Dizer que a escola que atende a quem trouxe pouco de casa tem pior desempenho do que aquela que atende a quem trouxe muito é análise pouco informativa", diz Chico Soares, presidente do Inep.
Para Priscila Cruz, diretora-executiva do movimento Todos pela Educação, o avanço da rede pública não significa melhora do ensino --provas que apuram a qualidade da educação, como a Prova Brasil, mostraram piora no ano passado.

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