6 de dezembro de 2014

Violência tem cura?

EDITORIAIS
editoriais@uol.com.br, 6/12/2014

Ao final deste ano, mais de 55 mil pessoas terão sido assassinadas no Brasil. Jovens do sexo masculino serão a maioria, num padrão que se repete de forma assustadora em toda a América Latina.

Um número cada vez maior de especialistas afirma que a região sofre uma epidemia de violência, e dados compilados pelo Banco Mundial dão poucas opções para quem queira discordar do diagnóstico.
Com 9% da população global, os países latino-americanos respondem por mais de 30% dos homicídios no planeta. Das dez nações que ostentam as maiores taxas de assassinatos por 100 mil habitantes, sete estão nessa parte do mundo, que ainda agrupa 42 das 50 cidades mais violentas.
A despeito da melhoria generalizada nos indicadores econômicos, as estatísticas de criminalidade se mantiveram elevadíssimas ao longo das últimas décadas. Por razões pouco conhecidas, casos de sucesso na redução de homicídios --Bogotá e São Paulo, por exemplo-- não se replicam nem nos próprios territórios nacionais.
O Brasil segue o mesmo modelo de insegurança. Convive, desde meados da década de 1990, com algo entre 25 e 29 assassinatos por 100 mil habitantes, enquanto países desenvolvidos habituaram-se a patamares abaixo de 5/100 mil.
Diante desse cenário, Andrés Villaveces, especialista em prevenção à violência ligado ao Banco Mundial, defende uma abordagem epidemiológica para o problema. Em entrevista publicada no site da entidade, ele sugere estratégias a serem implementadas em diversos níveis, do nacional ao individual, passando pelo estadual, municipal, comunitário, escolar e doméstico.
O conselho merece ser levado em consideração no Brasil. Se a administração federal e os governos estaduais fracassam nas tentativas de levar os índices de assassinatos para perto dos padrões civilizados, surgem iniciativas pontuais que, ao menos num plano restrito, mostram-se bem-sucedidas.
Dez desses bons exemplos foram observados e registrados pelos integrantes da 58ª turma do Programa de Treinamento em Jornalismo Diário destaFolha, que se perguntaram se violência tem cura.
Veiculado na última segunda-feira (dia 1º), o projeto multimídia (folha.com/violenciatemcura) traz relatos sobre ações originais desenvolvidas em oito Estados brasileiros. Merecem ser estudadas com cuidado e reproduzidas sempre que possível. O país não pode se conformar com os atuais níveis de violência. Eles são obscenos.

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