16 de julho de 2015

Ensino Integral melhora notas de alunos do 4º ano no Rio

16 de julho de 2015
Avaliação da Fundação Itaú Social mostra, porém, piora entre alguns estudantes do 8º ano

Fonte: O Globo (RJ)



Um levantamento sobre a implantação do Ensino integral nas Escolas da rede municipal carioca mostrou que a transição vem sendo acompanhada de avanços significativos no rendimento dos Alunos e em hábitos de leitura e alimentação, mas também evidenciou a necessidade de reforços nas séries mais avançadas, sobretudo em colégios que já atuavam em tempo integral.

Feita pela Fundação Itaú Social, a pesquisa identificou, por exemplo, que nas unidades que atuavam antes em tempo parcial houve uma melhoria expressiva nas notas de Matemática e Língua Portuguesa dos Alunos do 4º ano que estavam abaixo da média: uma elevação média de 4,8 pontos em cada disciplina. Por outro lado, nas que já atuavam em tempo integral antes das modificações e que passaram pela reformulação do currículo, Alunos do 8º ano sofreram uma queda média de 5,7 pontos nas notas de Matemática.

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Além das notas, a pesquisa avaliou ainda outros impactos do programa, como o aumento do interesse pela leitura e melhoria nos hábitos alimentares.

Iniciado em 2011, o programa Escolas de Tempo Integral prevê a ampliação da carga horária para sete horas, acompanhada do estabelecimento de uma nova matriz curricular em toda a rede, até 2030. Atualmente, segundo a Secretaria Municipal de Educação, são 171 Escolas em turno único, que atendem a 127 mil Alunos (21% do total). A meta é chegar a 35% dos estudantes em 2016 e há expectativa de antecipar a cobertura total para 2020.

O quadro retratado na pesquisa foi mensurado através das taxas de aprovação e desempenho Escolar medidos pela Prova Rio.

Se a melhora no desempenho foi expressiva entre os Alunos do 4º ano que passaram pela ampliação da carga horária, aqueles das séries mais avançadas que passaram a estudar também em tempo integral tiveram resultados mais tímidos: houve elevação média de 2,7 pontos nas notas de Matemática entre Alunos acima da média, enquanto os resultados em Português ficaram inalterados. De acordo com a gerente de Educação da Fundação Itaú Social, Patricia Mota Guedes, era de se esperar que os avanços nessa faixa fossem menores.

— Estamos falando de um universo que é desafiador em todo o Brasil. São adolescentes e pré-adolescentes e, por essa condição, a adaptação já é mais difícil. Eles demandam uma proposta curricular mais complexa, que envolva protagonismo e atividades mais flexíveis — avalia.

Sobre a queda nas notas de Matemática entre os Alunos do 8º que já atuavam em regime integral, Patricia afirma que uma hipótese pode ser a dificuldade de adaptação a um novo currículo por parte dos Professores.

— Como a Escola já atuava em regime integral, a adaptação a um novo modelo curricular pode ter sido mais difícil do que a implementação de algo totalmente novo, como aconteceu com as demais Escolas. Os Cieps tiveram, por exemplo, que revisar toda a forma como usavam seu tempo. Foi diferente das outras unidades, que simplesmente ganharam mais tempo.

CADA COLÉGIO, UM CAMINHO
Segundo ela, apesar de a pesquisa não ter como objetivo identificar efetivamente onde estão os problemas, essa realidade mostra como o estabelecimento de uma matriz curricular, sozinho, não garante uma implementação efetiva do modelo.

— É importante compreender as características de cada Escola.
Para a secretária municipal de Educação do Rio, Helena Bomeny, os resultados reforçaram que as mudanças estão na direção certa.
— Achei interessante ver que Escolas que passaram do regime parcial para o turno único tiveram melhora acentuada em relação às que já estavam nesse regime. Mais do que a carga de sete horas, os Alunos estão recebendo um modelo de Escola preparado para essa nova realidade.

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