22 de setembro de 2015

Com o surgimento de novos aplicativos para escolas, cresce o entusiasmo com as tecnologias e a preocupação com a privacidade. Antonio Glois


22 de setembro de 2015
"O uso de tecnologia em sala de aula, até o momento, tem se mostrado caro e ineficaz", afirma Antônio Gois

Fonte: Blog do Antônio Gois - O Globo Online



O jornal The New York Times publicou na semana passada uma reportagem (veja aqui) mostrando que o Facebook está desenvolvendo, em parceria com uma rede de escolas dos Estados Unidos, um aplicativo ou software para ajudar os alunos a aprenderem em seu próprio ritmo. É mais uma empresa de tecnologia (no caso, uma gigante do setor) a investir nesse ramo por lá, como demonstra essa outra reportagem, de janeiro, do mesmo jornal.
O uso de tecnologia em sala de aula, até o momento, tem se mostrado caro e ineficaz. O entusiasmo com novos produtos que estão sendo desenvolvidos é que, em vez de seguirem a lógica de substituirem o professor, eles funcionam muito mais como ferramentas para facilitar tarefas e a interação entre professores, alunos e pais. O aplicativo gratuito Remind, por exemplo, é um dos mais comuns por lá. Outro benefício desses aplicativos é permitir uma avaliação ou orientação para os estudos mais individualizada. De certo modo, seguem a lógica de um videogame. Quanto mais um aluno avança, mais conteúdos desafiadores são apresentados. Se ele apresenta dificuldade, é estimulado a aprender melhor aquele conteúdo, até que consiga avançar.
Por um lado, é fácil entender o entusiasmo com essas novas tecnologias, afinal, o mundo hoje está contectado por esses dispositivos. Por outro, convém ter uma dose de ceticismo, pois inovações tecnológicas em sala de aula não têm cumprido a promessa de melhorar o aprendizado das crianças e jovens. A reportagem do New York Times relata uma preocupação de vários distritos por lá, pois muitos desses aplicativos são gratuitos e oferecidos diretamente aos professores, que passam a usá-los sem ter certeza de sua eficácia. Mais preocupante ainda é a questão da privacidade dos dados de alunos, professores e pais. Assim como o Facebook, há vários aplicativos gratuitos, mas com intenção de gerar lucros a partir dos dados coletados. Esta outra reportagem do New York Times resume bem a questão.
Como a tendência é que esses aplicativos, mais cedo ou mais tarde, cheguem ao Brasil, é importante acompanhar de perto o que acontece nos Estados Unidos. Como sempre, é preciso achar um equilíbrio para não inibir a inovação na educação, mas protegendo a privacidade da comunidade escolar e, ainda mais importante, avaliando de perto essas iniciativas para saber se elas estão realmente beneficiando os estudantes.

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