8 de março de 2017

Alunos trabalham regularmente, mas não têm renda para sobreviver


RIO - Faltando apenas um ano para o fim da graduação, mais de metade dos estudantes do ensino superior no Brasil não tem a renda necessária para sua sobrevivência. Isso não teria relação com falta de oportunidades no mercado de trabalho - dois em cada três alunos trabalham regularmente.
Os dados estão entre os destaques do relatório "Indicadores de Qualidade da Educação Superior 2015", divulgado esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O documento é baseado em um questionário com 447.056 participantes da edição daquele ano do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Todos concluiriam a graduação até, no máximo, o primeiro semestre de 2016.
info-educacao-enadSegundo o Inep, 49,4% dos alunos dependem da família para sobreviver, seja por não terem renda (19,8%) ou porque ela não é suficiente (29,6%). Há, também, uma pequena fatia (4%) cujos gastos são financiados por programas governamentais.
Os outros estudantes declararam ter o dinheiro necessário para se manter: 15,2% afirmaram não precisar de ajuda para financiar os seus gastos; 21,6% contribuem com o sustento da família; e 9,8% são os principais responsáveis pelo sustento do lar.
Em relação à situação no mercado, 66,4% dos participantes do questionário trabalham regularmente, sendo que 48,9% trabalham pelo menos 40 horas semanais. Vinte e oito por cento não estavam trabalhando no período do levantamento.
Um em cada três alunos (33,8%) atingiu um feito inédito - eram os primeiros na família a concluir o ensino superior. Vinte e cinco por cento dos estudantes têm ao menos um dos pais que cursou até o ensino fundamental, e 47,1% dos participantes do Enade têm ao menos um dos pais que interrompeu os estudos até o ensino médio.
Quase metade (46%) dos estudantes tem renda familiar entre 1,5 e 4,5 salários mínimos - faixa que equivale dos R$ 1.086,01 a R$ 3.258.
Um em cada dez alunos têm renda familiar inferior a 1,5 salário mínimo (até R$ 1.086). No outro extremo, apenas 2,6% dos entrevistados têm renda familiar superior a 30 salários mínimos (mais de R$ 21.720,01).
Dos estudantes beneficiados com bolsas de estudo ou financiamento do governo federal, 53,4% têm renda familiar de até três salários mínimos (até R$ 2.172), 44,3% são os primeiros na família com acesso à educação superior, e 36,3% ingressaram na universidade através de políticas afirmativas.

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