1 de abril de 2017

Perspectivas econômicas para América Latina e Caribe melhoram, segundo relatório do BID


No entanto, vulnerabilidades externas preocupam. Impacto dos Estados Unidos na região pode cortar 0,4% dos 2,2% de crescimento do PIB projetados para 2017-2019

ASSUNÇÃO, Paraguai – As perspectivas econômicas para a América Latina e o Caribe estão melhorando, impulsionadas por uma economia global mais forte, posições fiscais mais sólidas, redução das pressões inflacionárias e melhores perspectivas para Argentina e Brasil, de acordo com o Relatório Macroeconômico 2017 do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
A primeira parte do relatório Routes to Growth in a New Trade World (Caminhos para crescer em um novo mundo comercial) foi divulgada paralelamente à Reunião Anual do BID que acontece em Assunção, Paraguai. A segunda parte, sobre integração regional, será apresentada no domingo, 2 de abril.
“Desde nosso relatório do ano passado, ocorreram muitas mudanças positivas, com a região passando para um padrão de melhores políticas”, disse o Economista Chefe do BID, José Juan Ruiz. “Esforços de reformas fiscais em alguns países tiveram sucesso em obter maior igualdade e melhorar a eficiência. As políticas monetárias nas maiores economias conseguiram manter a inflação sob controle e avaliamos que o processo de ajustes externos está próximo de ser completado na maioria dos países.”
No entanto, a combinação de choques comerciais e financeiros potencialmente negativos dos Estados Unidos, mesmo com a economia americana em crescimento, pode cortar até 0,4% da taxa de crescimento anual de 2% projetada para a região para o período de 2017-2019. O relatório usa as projeções para três anos do FMI como base, depois faz uma estimativa de como impactos externos poderiam aumentar ou reduzir o crescimento da região.
O choque produzido pela economia dos Estados Unidos não é uniformemente distribuído. O México poderia ter um corte de 0,8% em sua taxa de crescimento potencial para três anos, reduzindo a taxa de crescimento anual de 2,2% para 1,4%. O Cone Sul e a região andina poderiam sofrer uma redução de 0,4% na taxa de crescimento anual do PIB. Os choques seriam transmitidos por uma combinação de elevações de taxas de juros e reduções do comércio global.
Ao mesmo tempo, o desempenho de Argentina e Brasil tem um grande impacto sobre a região. Devido às interconectividades dessas economias, um ganho ou perda combinado de US$ 20 bilhões no PIB das maiores economias da América do Sul acrescentaria ou cortaria cerca de US$ 70 bilhões ao PIB da região inteira no período de três anos.
Melhores perspectivas fiscais e monetárias
Um exame dos orçamentos fiscais de 22 países projeta um déficit fiscal primário de 0,8% do PIB para a região, embora a realidade varie de um país para outro. Ainda assim, 15 países na América Latina e Caribe estão seguindo planos de consolidação fiscal que, uma vez implantados ao longo de um período de cinco anos, alcançariam um ajuste de cerca de 2% do PIB. Reformas tributárias poderiam levar a um aumento nas receitas fiscais de 1,2% do PIB. Espera-se que os gastos tenham uma redução de 0,8%.
No passado, choques externos levaram ao aumento da inflação. O relatório observa que essa tendência foi revertida, com inflação mais baixa em meio a preços mais estáveis das commodities e aumento das exportações. Com as importações como porcentagem do produto total declinando, os déficits de conta corrente caíram para as médias de médio ou longo prazo.
“A região virou a página depois de sofrer um crescimento negativo nos dois últimos anos”, disse Andrew Powell, o coordenador do relatório e assessor econômico sênior do BID. “Embora a América Latina e o Caribe estejam em terreno mais sólido do que um ano atrás, o futuro ainda traz grandes desafios para que se chegue ao nível de crescimento que seus cidadãos esperam. Isso exigirá um foco contínuo em reformas para melhorar a produtividade e em um aprofundamento da integração comercial regional.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário