19 de setembro de 2017

Brasil paga menos a professor que México, Colômbia e Costa Rica


15 de Setembro de 2017, Nova Escola, Caroline Monteiro  
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Estudo mostra como rendimentos são mais baixos que em outros países de mesmo nível econômico
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Por: Caroline Monteiro
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
O mais respeitado relatório mundial sobre a qualidade da Educação não traz boas notícias sobre a carreira docente no Brasil. Em comparação com os países desenvolvidos, nossos professores seguem ganhando bem menos. Nenhuma novidade. Mas o dado mais dramático, quando o assunto é salário, é que estamos atrás até das nações com perfil socioeconômico semelhante.
É o que mostra a edição 2017 do Education at a Glance, estudo comparativo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entidade formada por 35 países. O relatório permite cruzar os dados do Brasil com economias desenvolvidas, maioria na OCDE, e alguns países parecidos conosco, como México, Colômbia e Costa Rica, que possuem PIB per capita e Índice de Desenvolvimento Humano próximos ao do Brasil.
Os salários dos professores brasileiros está atrás dos colegas desses três países. Por aqui, um professor da Educação Básica começa a carreira recebendo o equivalente a 13 mil dólares por ano, valor já ajustado para o poder de compra de cada país – assim dá para comparar moedas e custo de vida distintos. Na Colômbia, um docente iniciante ganha 14,2 mil dólares por ano. No México, 17,2 mil. E na Costa Rica, 24,2 mil, quase o dobro dos brasileiros.
Quando a comparação é com as nações desenvolvidas, a distância aumenta. Na média das nações da OCDE, o salário inicial é de 30 mil dólares anuais.
Alunos por classe: houve melhora, mas turmas seguem cheias
As condições de trabalho também seguem complicadas, aponta a OCDE. Quanto à quantidade de professores por uma turma, a média em nosso país é de 1 por classe no Fundamental 1 e 1,2 professor por sala no Fundamental 2. Nos países da OCDE, o número é de 1,5 e 2, respectivamente. Segundo o documento, esses dados sugerem que os professores brasileiros “têm menos tempo para se dedicar às atividades de preparação de aulas e de avaliações e para auxiliar outros professores ou alunos que precisam de reforço”.
No critério alunos por classe, o Brasil se sai um pouco melhor. Entre 2005 e 2015, o país apresentou algumas das maiores taxas de redução: -8% no Fundamental 1 e -15% no Fundamental 2. Mas as classes ainda estão cheias, na avaliação da OCDE. Por aqui, cada profissional dá aula para turmas de, em média, 23 alunos no Fund 1 e 27 no Fund 2. Números parecidos com os de México (22 e 28), Colômbia (23 e 29) e um pouco distantes da Costa Rica (15 e 27). Também estão longe os valores de aluno por classe dos países membros da OCDE: 21 no Fundamental 1 e 23 no Fundamental 2.
Aumentar o piso é só o primeiro passo
Como sair dessa incômoda situação? Os especialistas ouvidos por NOVA ESCOLA afirmam que melhorar o salário dos professores é a principal medida de valorização da carreira docente. Mas não é a única.
Para Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, é preciso uma ação sistêmica de investimento no professor. “O investimento precisar ajudar a aprimorar as condições de trabalho, com melhoria da infraestrutura escolar e ações consistentes de formação continuada, por exemplo”.
Segundo Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco, é preciso combinar investimento com maior eficiência na administração. “Para isso, é fundamental incentivar a integração entre os níveis de gestão: rede, secretarias, diretorias regionais e escolas”, exemplifica.
Profissão de gente jovem
Pedro Ribas/ ANPr
Segundo o estudo, outra característica particular da Educação brasileira é a idade dos professores. Nossos educadores têm em média 40 anos, enquanto que, nos países membros da OCDE, esse número fica entre 44 e 45 anos. No Brasil, 80% de todos os educadores têm menos de 50 anos, enquanto a média internacional é de 65%. Na análise do relatório, esse dado indica que o Brasil ainda enfrenta o desafio de reter indivíduos altamente qualificados e de fornecer oportunidades de desenvolvimento profissional, para que eles continuem na carreira. A carreira docente, apesar de atrair muitos jovens, ainda não seria a primeira opção.
O relatório da OCDE também indica uma tendência importante: a geração de jovens professores têm influenciado a equidade de gênero na profissão. As mulheres ainda são a maioria na Educação Básica, mas a porcentagem de homens é consideravelmente maior entre os educadores com menos de 30 anos (33%) do que entre os com mais de 50 (25%).

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